Mariana Alves, Edição
É provável que você conheça – ou você seja – alguém que dorme no ônibus, no trem e no metrô e consegue acordar antes de passar o destino. Seria mágica? De acordo com estudiosos americanos, isso tem uma explicação científica.
O especialista em saúde básica Marc I. Leavey e Ronald Chervin, neurologista e diretor do Centro de Medicina de Distúrbios do Sono de Michigan, decidiram discutir por que isso acontece.
Uma das hipóteses foi apresentada por Leavey, que diz que o responsável é o relógio biológico, que estaria ‘sincronizado’ com o ponto de parada. Assim como o corpo se acostuma a acordar em uma hora parecida todos os dias, é possível que o corpo saiba a hora que deve despertar da soneca no transporte público. Isso só faz sentido, porém, se a pessoa pegar o transporte todos os dias no mesmo horário. “Seu corpo é capaz de aprender uma rotina, desde que seja algo realmente rotineiro”, diz Leavey.
Porém Chervin não acredita muito nessa teoria, e defende que a explicação mais plausível está relacionada ao ritmo circadiano. Esse ritmo é um fenômeno que diz que o relógio biológico é influenciado por interferências externas, como luz e som. Baseado nisso, Chervin acha que o cérebro não desliga totalmente durante o sono e a pessoa é acordada por estímulos como vozes, músicas, anúncios do trem/metrô e até iluminação que indicam qual é o local de descida.
Além disso, o neurologista ainda defende que muitas pessoas acordam a cada ponto para verificarem se está na hora de descer, mas logo voltam a dormir e não se lembram das vezes que despertaram.
Seja lá qual for o motivo, os dois pesquisadores concordam que não é todo mundo que consegue acordar na hora certa e acabam passando do ponto. “Se você está no sono REM [fase mais intensa do sono] é muito mais difícil de acordar”, explica Leavey. “Muitas pessoas, e provavelmente a maioria de nós, têm privações de sono. Pessoas que dormem menos têm mais chances de entrar em fases profundas do sono rapidamente, e, consequentemente, podem ter mais problemas em acordar na hora certa no transporte público”, opina Chervin.