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Doulas Voluntárias vão dar assistência para gestantes de Brasília

As mulheres grávidas do Distrito Federal poderão contar, a partir de novembro, com o serviço de 53 doulas que receberam nesta quinta 30 certificado do curso de formação de Doulas Voluntárias. As novas doulas começam a trabalhar no dia 17, nos hospitais regionais das regiões administrativas de Sobradinho, Gama, Santa Maria e Planaltina.

Foi a primeira turma capacitada pelo projeto Doulas no Sistema Único de Saúde (SUS), resultado de parceria entre o Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a Universidade de Brasília e a Rede pela Humanização do Parto e Nascimento.

As doulas são mulheres preparadas para acompanhar gestantes do início da gravidez até pouco depois do parto, dando informação, apoio para planejamento do parto e preparação física e mental ao casal e também para orientar nos primeiros cuidados com o bebê.

Com a atuação das voluntárias, os quatro hospitais vão ter as doulas disponíveis para acompanhar as gestantes no parto. Segundo Viviane Albuquerque, coordenadora do Curso de Doulas de Santa Maria, a intenção é que até julho de 2015 todos os centros obstétricos da rede pública no Distrito Federal tenham doulas 24 horas por dia, todos os dias.

Segundo a coordenadora, há estudos que mostram que quando existe uma doula no parto diminui o índice de anestesia e de cesáreas. “A doula não é profissional de saúde, não interfere nos procedimentos médicos e de enfermagem, não atua no parto em si. O papel dela é dar conforto para a parturiente e acompanhá-la, orientá-la no posicionamento, nas manobras para relaxamento, dar conforto emocional e físico”, explicou Viviane.

Além de acompanhar as gestantes no parto, as doulas ainda farão grupos de grávidas para passar as informações, a tranquilidade e o apoio necessários nesse período da vida.

A enfermeira Thaís Severina da Silva, de 35 anos, contratou uma doula desde que soube que estava grávida de Helena. “As doulas nos passam o que é a experiência no parto, passam aconchego, afeto. É ter uma pessoa ali te ensinando o que fazer e dando força”, acrescentou.

Ela relembra que a sua doula passou material para que ela se informasse e ajudou a planejar o dia do parto. “Eu me senti muito segura no dia do parto. Foram 15 horas de trabalho de parto, e ela ficou junto o tempo todo, revezando com o meu marido. Ela me ensinou como me posicionar para o parto, as posições para aliviar a dor, e ainda atuou depois do parto.”

Thaís ressalta que teve acompanhamento médico durante toda a gravidez e foi liberada para ter o bebê em uma casa de parto. “Certamente, a atuação dela [doula] influenciou na minha escolha pela casa de parto e na saúde da minha filha. Uma mãe tranquila e feliz, um pai tranquilo e feliz, os dois fazendo o melhor para o bebê, sem dúvidas traz saúde para o bebê”.

No Distrito Federal, o acompanhamento de uma doula particular custa entre R$ 800 e R$ 1.500. Elas costumam ter três encontros antes do parto com a gestante, acompanham o parto e têm três encontros depois, para orientar nos cuidados com o bebê. Além disso, as mães e um acompanhante participam de grupos gratuitos, nos quais recebem orientações.

Mas, apesar do trabalho de apoio, as doulas particulares ainda têm problemas para acompanhar as mulheres na sala do parto. Geralmente, a gestante tem que escolher entre o pai da criança e a doula para entrar na hora do parto.

Segundo Priscila Branco, apoiadora de maternidades do Ministério da Saúde, a lei prevê que cada gestante pode entrar na sala de parto com um acompanhante, mas não há uma determinação de que a doula pode entrar, além do acompanhante. “Acaba que o médico é quem decide se pode ou não entrar”, disse Priscila. A apoiadora acrescenta que o ministério é favorável à atuação das doulas.

Em outros estados como Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo já existem doulas atuando na rede pública, e desde 2013 o Ministério do Trabalho e Emprego reconhece a tarefa como ocupação.

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