Notibras

‘Doutor Rapha’, médico do saber, indica como curar dores do corpo e da alma

Na beira do mar de Itapuama, onde o vento espalha segredos entre as areias e as ondas, há um rapaz de fala mansa e olhar de quem já viu mais do que conta. Rapha da Praia, como todos o chamam, não tem diploma, mas tem saber. E em tempos de ciência protocolar e remédios sintéticos, é esse jovem de 40 anos, mais para gordinho do que obeso, costuma dizer, a quem o povo procura quando a alma pesa e o corpo dói.

Não é médico, que fique claro. Mas no boca a boca da região, ganhou o título de Doutor Homeopata. Sugere, não receita; aconselha, não prescreve. E quem duvida que a natureza tem cura, que experimente seu famoso chá de mulungu – uma raiz que, dizem, apaga os tormentos mais insones e acalma os nervos mais eriçados que qualquer remédio de tarja preta.

A freguesia do Doutor Rapha é vasta e variada. Tem o pescador que não consegue dormir desde que perdeu o barco na última tempestade. Tem a moça que carrega um amor mal curado no peito. Tem também a dona de casa que não aguenta mais os gritos do marido, e até o turista que veio só passar o fim de semana e saiu com a receita de um banho de ervas contra o mau-olhado.

Rapha escuta, observa, às vezes dá um meio sorriso de quem já sabe o desfecho da história antes do último ponto. Depois, indica um chá, uma folha, um óleo essencial. Se não cura, consola. Se não resolve, ameniza. E na praia de Itapuama, onde a ciência se esconde atrás das dunas e a fé se mistura com a brisa salgada, isso já é remédio suficiente.

………………………………………..

José Seabra é Diretor da Sucursal Regional Nordeste de Notibras

Sair da versão mobile