Notibras

Duendes do mito tentam usar curral fake para passar a boiada do mal

A pedido do lobo mau, que nasceu e morrerá mau, as ratazanas e as baratas voadoras tentaram aproveitar o caos da pandemia de Covid para passar a boiada sobre os mecanismos de controle ambientais. Foi a oportunidade que Jair de todas as mazelas perdeu para enfraquecer de vez qualquer sistema de fiscalização. A ideia final era mudar regras e normas e, se possível, acabar com o Ibama e com o ICMBio e transformar madeireiros, garimpeiros ilegais e o pessoal do agronegócio em donos do mundo, particularmente da Floresta Amazônica e de todos os biomas que os interessassem. Quase conseguiram. Então ministro do Meio Ambiente, o atual deputado Ricardo Salles até hoje lamenta não ter estourado a boiada.

Em escala infinitamente maior, boa parte dos brasileiros lamenta ele ter se mantido como homem público. Coisas da emblemática imbecilidade eleitoral de alguns. Lembro que, em um de seus muitos discursos para bêbados e drogados, o então presidente elogiou Salles e parabenizou o Brasil pela maneira como o país preservava o ambiente. Na oportunidade, também criticou os “videozinhos mentirosos” que denunciavam o desmatamento e os incêndios criminosos na Amazônia. O tempo passou, os vídeos mentirosos viraram verdade e, o que é pior, a conta chegou para quem nada tinha a ver com as patacoadas bolsonaristas. As águas de maio inundaram o Rio Grande do Sul, mas certamente elas passarão. E o José? Melhor não comentar.

Sem respostas para a tragédia do Estado governado pelo bolsonarista Eduardo Leite, os asnos travestidos de parlamentares, empresários ou “patriotas” optam pelas fake news para esconder o mal que fizeram e fazem à nação. Criminosamente, cidadãos com mandatos e traços de senilidade sobem à tribuna da Câmara para atacar o trabalho do atual governo em apoio às vítimas da catástrofe climática que eles ajudaram a criar. Seria o caso de pedir a Valdemar Costa Neto para calar deputados sem noção e sem razão como Ricardo Salles, Carla Zambelli, Mário Frias e Luiz Phillipe de Orleans, todos do PL paulista? Claro que não. Afinal, além de dejetos, o que pode sair de bocas que já nasceram sujas?

Cidadãos de terceira, esses tipos ainda não foram capazes de se solidarizar com os gaúchos, tampouco de tornar público algo de proveitoso em favor das vítimas das enchentes. Não são capazes porque são incapazes de produzir coisas boas para o povo do Rio Grande do Sul ou do Brasil. Depois, ficam bravos quando são jogados na mesma pocilga em que até hoje está atolado o líder insosso, insípido e insuficiente como governante. Ainda assim, eles o idolatram. Tudo dentro da normalidade daqueles que buscam, mas não encontram personalidade própria. Aliás, a personalidade própria é que foge deles e de todos os que veneram, corujam e reverenciam seres abstratos.

Fantasia para a maioria e mote para explicações sobre o vazio da mente para uma minoria afastada da realidade, os mitos, duendes, fadas e bruxas só existem para servir de verdade para quem faz da mentira o principal objetivo da vida. É o caso dos bolsonaristas que, mesmo dormindo e levitando em berço esplêndido, torcem contra o Brasil que os avalia como entulho. A situação de calamidade em Porto Alegre, Pelotas e cidades vizinhas dá o tom exato da diferença entre heróis silenciosos e super-heróis fabricados. Esses são produto da imaginação de quem não tem imaginação alguma. Alguns desses personagens são até avaliados como símbolos, embora normalmente não sejam exemplos de caráter. Eles recebem essa adjetivação exclusivamente dos iguais, isto é, dos seres desprezíveis e de má índole.

É uma questão de defesa dos semelhantes. A boiada não passou, mas os animais permanecem no curral. Sem exceção, eles lembram uma embalagem vazia numa prateleira, iguais às que não servem para nada. Fosse um desses oportunistas aproveitadores da desgraça alheia, eu diria aos gaúchos sérios que acreditar em cínicos é o mesmo que confiar em uma serpente: em algum momento vocês serão picados. Embora o momento não seja de comparações, mas de coesão, reflexão e comunhão, nunca é demais lembrar à gauchada “patriota”, principalmente os que esquecem que estão debaixo d’água e atingem orgasmos múltiplos hostilizando repórteres da TV Globo que, caso a enchente tivesse ocorrido no Nordeste, estariam mandando o povo nordestino fazer o “L”. Se puderem, olhem pelo retrovisor e digam a seus deputados que se recolham à própria insignificância.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

Sair da versão mobile