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Dupla jornada dificulta alimentação equilibrada na gravidez

Foto/Reprodução

Uma alimentação equilibrada é recomendável em todas as fases da vida, mas é preciso redobrar o cuidado durante a gestação – e não redobrar a quantidade de comida ingerida. Uma pesquisa do Ibope Conecta mostrou que manter uma alimentação saudável durante a gravidez é uma preocupação das gestantes brasileiras, porém o dia a dia corrido as impede de colocar isso em prática.

Das 500 mulheres grávidas entrevistadas, 73% afirmaram que manter uma alimentação equilibrada e saudável é a principal preocupação delas (só em São Paulo, 80% escolheram essa opção). Em segundo lugar, com 14%, está o cuidado com a saúde mental, seguido de sono reparador (9%) e prática de exercícios físicos (3%).

No entanto, essas mesmas mulheres, que estão em diferentes fases da gestação, consideram que não conseguem comer de maneira saudável porque a rotina é muito corrida. “A alimentação é parte de um contexto. É preciso otimizar a refeição para ter um aporte nutricional adequado”, diz a nutricionista Tamara Lazarini, diretora das áreas médica, científica e regulatória da Nestlé.

A empresa, junto com a farmacêutica Pfizer, encomendou a pesquisa online, que recebeu respostas de mulheres com idade a partir dos 18 anos e de todas as regiões do País. Tamara destaca que o papel da mulher moderna é o que dificulta essa alimentação adequada e sugere a suplementação.

“Em média, a mulher moderna trabalha 7,5 horas a mais do que os homens por semana, desempenhando diversos papéis sociais. A gente tem de pensar em multivitamínicos como aliados para manter uma nutrição adequada”, diz a especialista.

Comer fruta é bom, mas cuidado! A gravidez é um ponto de virada para que as mulheres cuidem melhor da alimentação. A pesquisa mostrou que 38% delas não se alimentavam de forma equilibrada antes de engravidarem e 77% passaram a incluir mais frutas e verduras na rotina.

“A gente tem de se atentar à forma de consumo. Se ela consumir laranja em forma de suco, vai precisar de quatro, cinco laranjas para fazer um copo de 200 mililitros. Cada uma tem 50 calorias, então ela estará ingerindo cerca de 250 calorias”, detalha Tamara.

Além disso, 44% das entrevistadas disseram que reduziram o consumo de açúcar durante a gestação. A atitude é positiva, mas não basta, pois alguns alimentos, como pães, cereais e batata, têm alto teor de açúcar. “É aí que mora o perigo”, alerta a nutricionista.

Outra preocupação relacionada a isso é a diabete gravídica. “Comer doce por si só não faz a pessoa ter diabete, há fatores genéticos, ambientais, resistência à insulina. Mas a hiperglicemia durante a gravidez é um alerta, porque a mãe pode ser diabética no futuro e a criança pode nascer com peso muito elevado. Isso traz problemas não só para o parto, mas para a evolução do bebê”, afirma Eurico Correia, diretor médico da Pfizer Brasil.

Segundo Tamara, cada período da gestação carece de nutrientes e vitaminas específicos devido ao desenvolvimento do bebê. Os essenciais, e que deveriam ser consumidos antes mesmo de a mulher engravidar, são ferro e ácido fólico.

“[Quanto ao ferro], a mulher tem de ter esse cuidado. Ela já tem perda no período menstrual e, às vezes, consome pouco e pode juntar com outro nutriente que impede a absorção do ferro”, diz a nutricionista. Ela sugere a ingestão de vitamina C para ajudar nesse processo.

“Não, comer para dois”, orienta Tamara sobre essa crença popular. Para mulheres que apresentam peso adequado ao engravidar, o acréscimo durante a gestação é em torno de 300 calorias. Com isso, o ganho de peso fica dentro da faixa adequada de acordo com o estado nutricional da gestante. “Não é muito. Se você comer dois bombons, já têm 300 calorias”, diz a nutricionista. Ela afirma que o importante é qualidade, não quantidade.

Outro mito quebrado pela especialista, e que algumas mulheres ainda acreditam ser verdadeiro, é o consumo de canjica para aumentar a produção do leite materno. No geral, a pesquisa indicou que 32% das mulheres veem isso como verdade, sendo que em São Paulo o porcentual é de 42,2%.

Para manter uma alimentação equilibrada e saudável, Tamara indica realizar, pelo menos, três refeições e dois lanches intercalados por dia. “E evitar ficar mais de três horas sem comer, pois o metabolismo basal aumenta devido à demanda de formação do bebê, que é muito rápida”, explica.

A alimentação deve ser fracionada – poucas quantidades por vez – para não prejudicar a digestão, que pode ficar comprometida durante a gravidez. O consumo de líquidos é essencial, principalmente de água, bem como de alimentos em sua forma natural.

Na pesquisa, 19% das mulheres acreditam que peito de peru faz parte de uma dieta equilibrada. “É carne branca, mas é processada”, alerta Correia. Diversificar o cardápio é importante e, segundo Tamara, “quanto mais colorido o prato, mais nutritivo”.

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