Flechas, corridas de toras, danças e cantos tradicionais deram o tom da manifestação que reuniu nesta quinta 4, mais de 50 indígenas dos povos Apinajé, Krahô, Kanela do Tocantins, Xerente, Krahô Kanela e Karajá de Xambioá, todos do estado do Tocantins. Na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, os índios protestam contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere ao Congresso a prerrogativa de homologação de terras indígenas.
“Estamos aqui para defender nossas terras, a demarcação [de terras indígenas] e para dizer à presidenta Dilma Rousseff que não precisamos da PEC 215. Viemos para dizer isso no Senado e na Câmara dos Deputados. Lutaremos até o fim para que a PEC seja engavetada”, informou o índio Wagner Krahô Kanela.
Os indígenas também protestaram contra a indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e integrante da bancada ruralista no Congresso, para o Ministério da Agricultura. Uma foto de Kátia com a presidenta Dilma serviu de alvo e foi crivada de flechas.
“A senadora Kátia Abreu não foi eleita com nosso voto. É uma vergonha colocá-la no Ministério da Agricultura”, disse Wagner. “A Kátia Abreu não é dona da terra. Não somos nós, indígenas, os donos da terra? Precisamos viver em paz”, completou a indígena Gercina Krahô. De acordo com o Palácio do Planalto, ainda não há qualquer confirmação sobre quem vai assumir a pasta.
A manifestação ocorre pacificamente na Praça dos Três Poderes. Segundo representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o objetivo dos índios é passar a noite no local. Eles armaram, inclusive, uma pequena tenda com galhos e folhas, reforçando a intenção de ficar por várias horas em frente ao Palácio do Planalto.