Pense em um palhaço que tenha marcado sua vida. Provavelmente, veio à sua mente uma imagem masculina. A arte de encantar com palhaçadas foi sempre atribuída ao sexo masculino, mas, nos últimos anos, as mulheres abraçaram essa cultura. No último domingo (10), quando se comemora o Dia do Palhaço, conversamos com algumas palhaças que vêm quebrando paradigmas em Minas Gerais.
Uma delas é Gyuliana Duarte, responsável por dar vida a Xuleta, além de ser gestora e coordenadora artística do Instituto Hahaha, formado por artistas que atuaram no projeto Doutores da Alegria entre os anos 2007 e 2012. Ela é uma das cinco palhaças do grupo.
A atriz descobriu a arte da palhaçada durante a faculdade de Teatro, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, quando participou do projeto “Enfermaria do Riso”, em parceria com o curso de Medicina. Quando se mudou para Belo Horizonte, em 2004, decidiu dar continuidade ao trabalho.
Além de atuar em hospitais, Gyuliana este ano estreou seu primeiro espetáculo solo, “Xuleta Mon Amour”, que trata de mitos femininos, ideias de beleza e amor. Dirigida por Vera Abbud – a primeira palhaça do Doutores da Alegria –, a peça mostra como o universo de piadas e reflexões pôde ser ampliado com a entrada das mulheres num ambiente tradicionalmente masculino.
“Na história do circo, a figura do palhaço era sempre masculina. Os números clássicos eram passados de pai para filho e o que era lindo era ver um homem reproduzindo com riqueza de detalhes o que foi feito pelo pai e avô. Por isso, quando um palhaço ia ter um filho e nascia uma menina, era uma tragédia no circo. Porque ela ia fazer outra coisa, como ser trapezista, por exemplo”, conta Gyuliana Duarte.
“Hoje em dia, cada vez mais há pessoas mergulhando no universo feminino como ‘palhaças’. Tanto que agora existem festivais internacionais de palhaças”, completa a artista. “Elas estão vindo para provocar, complicar e mostrar do que a mulher é capaz”.
Irmãs – Quando eram adolescentes, as irmãs gêmeas Thais e Laís Oliveira decidiram se dedicar à arte circense. Hoje, aos 21 anos, recém-formadas na Escola Livre de Palhaços (no Rio de Janeiro), levam as personagens Maisena e Figurinha a todos os cantos da Região Sudeste. Na sede da Cia Gêmeas, em Confins, as irmãs desenvolvem espetáculos que abordam as mais diferentes linguagens do circo (malabarismo, mágica etc.) que vão apresentar em espaços públicos.
“A palhaça não era protagonista das histórias. A maioria das piadas versava sobre o universo masculino. Agora criamos piadas sobre o universo feminino, com situações engraçadas e até constrangedoras, que só as mulheres conhecem bem”, conta Thais Oliveira.
Mesmo que o olhar feminino tenha ampliado o universo do humor, o objetivo é o mesmo. “A gente quer emocionar, quer que as pessoas saiam dos espetáculos com mais vontade de viver”, completa Thais.
O Instituto Hahaha está arrecadando fundos por meio de crowdfunding, com prêmios feitos pela marca Elvira Matilde. Clique aqui e confira o site.