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Economia ganha fôlego e deslancha no 2º semestre

Bartô Granja

A economia começa a dar sinais de recuperação. O cenário que se desenha hoje é de retomada do crescimento a médio prazo, com um impulso maior a partir do segundo semestre. Esse quadro foi comentado para Notibras por Nilban de Mello Jr, diretor-financeiro do Banco de Brasília, e pela especialista sênior da área de Relações com Investidores da instituição, economista Alessandra Pacheco.

Esse novo fôlego vem da progressiva redução da taxa de juros, confirmada mensalmente pelo Copom. “Isso é reflexo do controle da inflação, que fechou janeiro em 0,38%, contra 1,27% em igual período do ano passado”, diz Nilban. “Como resultado imediato, sentimos que toda a economia deixa para trás o ritmo de deterioração”, completa Alessandra.

Os dois são categóricos em afirmar que 2016 foi trágico para a economia. Eles vislumbram, porém, perspectivas mais vantajosas. O maior baque foi na indústria da construção civil, refletindo diretamente no baixo acesso ao crédito. Contudo, diz Nilban, é um setor que, junto com os demais segmentos do mercado produtivo, “vai mostrar um resultado positivo até o fim do ano”.

– O mercado de crédito ainda segue desacelerado mas as expectativas apontam para uma recuperação lenta e gradativa em 2017”, garante Alessandra Pacheco. A economista do BRB justifica esse otimismo citando pesquisas de mercado, que apontam para um crescimento das operações da carteira de crédito total em torno de 4% este ano. Além disso, acentua, o índice de inadimplência vem caindo a cada dia, devendo fechar o ano em torno de 5,6%.

Juros e inflação – No entendimento de Nilban Jr, as medidas econômicas adotadas pelo Governo Federal devem começar a surtir efeito já nos próximos meses. “A inflação mensal registra os mais baixos índices desde o início da sua série história, e o próprio Boletim Focus (relatório semanal do Banco Central) mostra um IPCA de 4,7% no final do ano”, sublinha.

O diretor do BRB admite, porém, um percentual ainda mais baixo. “Enquanto consultores de mercado defendem um índice de até 5,17%, nós do BRB podemos quase apostar em números que girem na casa de 4,5%; é um patamar que, se alcançado, não vai surpreender”, enfatiza.

Aliado a esse fator, Nilban cita a previsão de uma redução da Selic, na reunião dos dias 21 e 22 do Copom, da ordem de 0,75 pontos percentuais. Entretanto, observa, “como as taxas inflacionárias demonstram uma forte queda, podemos cogitar uma queda maior da Selic, chegando a 1%”.

Indústria da construção civil é um dos termômetros do reaquecimento da economia

Para Nilban, tudo indica um acerto na política econômica de Michel Temer. Dentro desse raciocínio, a diretoria Financeira de Relações com Investidores do BRB entende que os principais indicadores econômicos “devem apresentar resultados ainda frágeis neste primeiro semestre, mas por certo a recuperação virá antes do fim do ano”, salienta.

Nesse sentido ele reafirma que a inflação tende a encerrar 2017 abaixo do centro da meta (4,5%), ao passo que a taxa Selic deve se manter num patamar de 9,5% no fim deste ano.

– O mercado de crédito segue em trajetória de recuperação, e sua retomada efetiva deve acontecer a partir do segundo semestre, com indicadores importantes, como melhoria do índice de confiança do consumidor e das empresas, queda na taxa de desemprego, redução do nível de inadimplência e expansão da atividade econômica.

Cenário externo – Sobre o mercado mundial, Alessandra Pacheco prevê que o cenário (em especial o norte-americano, com o recém-empossado Donald Trump) não terá influências fortes no cenário doméstico.

– A posse do novo presidente norte-americano foi bem recebida pelo mercado; apesar da boa repercussão no mercado das medidas anunciadas até o momento, o tom radical de algumas propostas pode no máximo aumentar a aversão ao risco no médio prazo, afirma.

A especialista da área de Relações com Investidores do BRB lembra que o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) tende a elevar a taxa de juros dos EUA três vezes até o fim deste ano; e sustenta que tais alterações já teriam sido precificadas pelo mercado doméstico.

Na Europa, pontua Alessandra, a atenção volta-se para as eleições em países como França e Alemanha, em função da força crescente de partidos de extrema direita nessas regiões, e que defendem a saída dos países da União Europeia; a China tende a manter o padrão de crescimento moderado, a despeito das medidas expansionistas já adotadas pelo governo; e, o PIB mundial, segundo último relatório do FMI, deve encerrar o ano em 3,4%.

– Como se vê, os acontecimentos no cenário externo têm sido precificados pelo mercado doméstico e devem exercer influência neutra sobre o mercado interno, conclui a economista do BRB.

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