O Brasil vem enfrentando simultaneamente três desafios econômicos preocupantes: inflação persistente, juros elevados e alta do dólar. Esses fatores pressionam tanto consumidores quanto empresas e tornam o caminho do crescimento econômico ainda mais difícil em um cenário global incerto.
Os principais riscos desse quadro, mal desenhado pelo governo Lula-3, podem ser definidos como a queda do consumo e poder de compra. Isso porque a inflação elevada corrói a renda das famílias. Mesmo com o salário nominal mantido, o poder de compra diminui à medida que os preços de produtos e serviços sobem. Com a Selic elevada, o crédito ao consumidor também fica mais caro, reduzindo as compras de bens duráveis como carros, eletrodomésticos e imóveis.
Essa situação também acena com dificuldade de crescimento e investimentos. É que os juros altos, utilizados pelo Banco Central para conter a inflação, encarecem o crédito para empresas e desestimulam investimentos. Além disso, setores como indústria e construção civil, que dependem muito de financiamentos, enfrentam retração.
Já a pressão da alta do dólar, com a valorização da moeda norte-america, tem um impacto direto nos custos de importação, como combustíveis, fertilizantes e produtos intermediários. Isso gera um efeito cascata, pressionando ainda mais os preços internos e dificultando o combate à inflação.
Mas não é só isso. Produtos essenciais, como alimentos, sofrem com a alta dos insumos. Empresas exportadoras se beneficiam, mas a economia interna perde competitividade.
Tudo isso leva a um risco fiscal e instabilidade econômica, como o aumento das despesas públicas para conter os efeitos sociais da inflação, como o crescimento de programas de transferência de renda. A combinação de descontrole fiscal com juros elevados pode afastar investidores estrangeiros, que enxergam um país instável.
Nos meios econômicos, fica uma pergunta no ar: o que esperar dos impactos futuros? Especialistas acreditam que, se as condições persistirem, o crescimento econômico será anêmico em 2024 e 2025. O desemprego pode voltar a subir, e a informalidade se intensificar. Quanto ao mercado financeiro, tende a ser mais volátil, com o real pressionado frente ao dólar.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tem sido pressionado para reverter essa situação. É preciso adotar um ajuste fiscal sustentável para restaurar a confiança do mercado. Há de se pautar, também, políticas reais que incentivem a produtividade e o investimento privado, além de uma redução gradual da Selic, dependendo do controle da inflação.
Por fim, urge a estabilidade na comunicação entre o governo e o Banco Central para evitar tensões no mercado. A persistir a situação atual, a combinação de inflação alta, juros elevados e dólar valorizado provocará uma “tempestade perfeita” para a economia brasileira. A opinião geral é de que o governo e os agentes econômicos precisam coordenar esforços para garantir que o país não entre em um ciclo prolongado de estagnação, sob o risco de afundar de vez.
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Dora Andrade é Editora de Business de Notibras