Tribunais egípcios condenaram à morte, nesta segunda-feira, 22 dirigentes da Irmandade Muçulmana, incluindo seu guia supremo, Mohamed Badie, de 71 anos – informaram veículos da imprensa oficial e advogados da defesa.
Em um primeiro caso, 14 membros da Irmandade, declarada organização terrorista desde 2013 pelas autoridades, foram condenados à pena capital acusados de “planejamento do uso da força contra o Estado”, segundo as fontes.
O tribunal de Gizé, ao sudoeste de Cairo, presidido pelo juiz Mohamed Naji Shehata, decidiu submeter este julgamento ao grande mufti do Egito, conforme exigido por lei, de acordo com a agência de notícias oficial Mena.
A opinião dessa autoridade religiosa é solicitada sempre que uma sentença de morte é pronunciada, mas não é obrigatória para a Justiça.
Entre os réus nesse mesmo processo, estão o ex-porta-voz da Irmandade Mahmud Ghozlan, o assessor Khairat el-Shater, o ex-presidente do Parlamento Saad al-Katatni e outros quadros de alto escalão da confraria.
No total, 51 pessoas são julgadas nesse caso e, destas, 31 estão detidas. O grupo é acusado de ter estabelecido um “centro de operações” com o objetivo de “preparar ataques contra o Estado”.
Ahmad Helmi, um dos advogados da defesa, ironizou o julgamento, classificando-o como uma “farsa”.
Em um segundo caso, oito militantes da confraria foram condenados à morte por um tribunal de Al-Mansurah, no norte do Cairo, por “formação de células terroristas”.
Badie já foi condenado à morte em outro julgamento por violência, mas está sendo julgado novamente no mesmo processo. Ele também foi quatro vezes condenado à prisão perpétua em outros julgamentos.
Desde que o ex-chefe do Exército e atual presidente Abdel Fattah al-Sissi depôs e prendeu o então presidente islamita Mohamed Mursi, em 3 de julho de 2013, as autoridades lançaram uma sangrenta repressão contra seus partidários. Pelo menos 1.400 pessoas foram mortas desde então.
O regime é acusado de instrumentalizar a Justiça em sua repressão. Centenas de partidários de Mursi foram condenados à morte em julgamentos em massa expedidos em poucos minutos, enquanto outros 15 mil foram presos.
Pela primeira vez, o Egito enforcou um partidário de Mursi, em 7 de março, condenado por violência em Alexandria, no norte do país.