As ditaduras do século XXI não se sustentam mais apenas pela força bruta; são regimes que burlam a democracia, usando eleições fraudulentas para se manter no poder com um verniz de legitimidade. Países como Venezuela, Nicarágua, Belarus, dentre outras, são exemplos de como esses líderes manipulam o processo eleitoral para enganar a população e o mundo. Mas não é só a repressão física que mantém esses regimes de pé; o controle psicológico e a manipulação da informação desempenham um papel central.
Medo e acomodação
As populações que vivem sob regimes autoritários muitas vezes se acomodam, não por estarem satisfeitas, mas pelo medo: medo da repressão, medo de perder o que têm, medo do desconhecido. Freud, em “Psicologia das Massas e a Análise do Eu”, explica como as massas podem ser influenciadas por líderes que se posicionam como figuras de proteção. Esse ciclo de medo e apatia leva as pessoas a aceitarem um sistema que reconhecem como injusto, mas que hesitam em desafiar.
Ferramenta de poder
Os regimes autoritários modernos investem pesado em propaganda para construir uma imagem de líderes infalíveis e inimigos constantes. A repressão física é a face visível, mas o verdadeiro controle se dá na manipulação mental, que enfraquece qualquer resistência antes mesmo de ela surgir. A identificação com líderes autoritários cria uma falsa sensação de segurança, perpetuando o poder mesmo quando o preço é a submissão.
Fake news
Não é apenas nos regimes ditatoriais que a manipulação se revela; a avalanche de fake news e de narrativas fragmentadas e editadas de forma tendenciosa também sufoca a clareza e a capacidade crítica. Num cenário onde bravatas e mentiras se misturam à realidade, há uma tentativa constante de transformar mediocridade em virtude, criando figuras que aparentam coragem e grandeza, mas que na prática, se apoiam em discursos vazios e distorcidos.
Essa ditadura da mentira se infiltra em todas as esferas, manipulando percepções e desorientando o público. As fake news não escolhem lado; elas atacam o discernimento e desarticulam a reação racional, substituindo a verdade por narrativas que favorecem interesses específicos, sejam eles políticos, econômicos ou de poder pessoal.
Manipulação e desinformação
O desafio diante dessa nova realidade é enfrentar a desinformação e exigir mais responsabilidade e transparência de todos os envolvidos no debate público. Não se trata de bandeiras ideológicas, mas da defesa de um espaço onde a verdade prevaleça sobre a manipulação. É um esforço que demanda vigilância constante e uma disposição para questionar o que nos é apresentado como fato.
As ditaduras do século XXI, com suas eleições de fachada e o uso estratégico da desinformação, não apenas reprimem com a força, mas também controlam pela manipulação da narrativa. E enquanto essa tática for eficaz, o desafio maior será encontrar um caminho para restaurar o equilíbrio entre a realidade e a ilusão, sem cair nas armadilhas de discursos inflados e promessas vazias.