Sanguessugas oficiais
Eleitor está bancando o alto custo da orgia política do país
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emDia desses li interessadamente um desses memes que recebo diariamente sobre o governo que se diz o mais honesto de todos os tempos. Engraçado, mas inescrupulosamente sério, o texto faz referência ao deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), por razões óbvias também conhecido por Hélio Bolsonaro. Suboficial do Exército, o parlamentar, eleito em 2018 na esteira do presidente Jair Messias, é um daqueles legisladores que passam pelo Congresso Nacional e ninguém percebe. O cidadão ou o congressista Hélio em nada, absolutamente nada, lembra um polímata. No entanto, aparece sempre ao lado do mito em sagrados eventos ou viagens nacionais e internacionais, independentemente do assunto a ser tratado.
Além de milhagens robustas às custas do Erário, o excesso bajulatório valeu ao deputado carioca o título de puxa-saco mais caro do Brasil. A titularidade do meme não é de ninguém, mas faço meus os ali contidos. Como todos os que compõem a Câmara Federal, Hélio Lopes recebe cerca de R$ 202 mil mensais, incluindo salários e verbas de gabinete, dispõe de apartamento de luxo em Brasília e tem à disposição15 funcionários. É pouco? Há controvérsias. Terrível é o custo benefício. Desde o primeiro dia de mandato foram dezenas de viagens, mas zero discurso na Câmara, zero projeto de lei aprovado e zero relatório de projeto de lei. Ou seja, zero ao quadrado como parlamentar.
É o preço da dioniosíaca “orgia” política do Brasil, cujo alto custo é pago sem qualquer questionamento por todos nós, eleitores brasileiros, inclusive por aquelas que, quando conseguem ir à Disney, sã amaldiçoadas pelo claudicante czar de uma economia cada vez mais esburacada. Interessante, mas viramos, mexemos, criticamos, maldizemos e continuamos na estaca zero. Acusamos quem saiu, reclamamos de quem entrou e demonizamos quem está por entrar. Entretanto, como meninos birrentos, entra e sai ano, abrem e fecham urnas eletrônicas, continuamos elegendo os mesmos que, hiperbolicamente, nos fazem estourar de rir e, via de regra, chorar um oceano de lágrimas por pelo menos quatro anos.
Nem o caviar do chá das cinco é modificado. Eventualmente mudam algumas das moscas que se servem do desnecessário esbanjamento. Todavia, a exemplo da trajetória de três anos do deputado Hélio Lopes, o retorno da maioria é matematicamente próximo da raiz quadrada de zero. Puxa-saquismo à parte, o Brasil tem centenas de Hélios Lopes no Congresso Nacional, nos governos federal, estaduais e municipais e nas assembleias legislativas. E nós, comedores felizes de pão com mortadela ou coxinha nos fins de semana, somos os únicos culpados. E nós, abasbacados, atônitos, enleados, banzos, não temos reação.
Por inércia, medo ou algum posicionamento fora da curva, decidimos fingir que a conta não é nossa. Os Hélio Lopes, Valdemar Costa Neto, Arthur Lira e afins se elegem, circulam nababescamente pelo mundo, nada produzem, mas os aceitamos como se fossem um provação divina. Agimos como os antigos sertanejos, que esperavam por tempo bom o ano inteiro. Concluindo, após nos livrarmos de uma amaldiçoada “gripezinha”, é chegada a hora da imunização contra o vírus dos sanguessugas oficiais do tipo sugadores do que é do povo. Em outras palavras, quanto mais rápido voltarmos à normalidade de sofredores conscientes, embora desgovernados, menos risco correremos de enfrentar mais quatro anos de inconsciência política e inconsistência democrática.