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Eleitor pode mostrar seu desejo de uma vida melhor cravando nas candidaturas certas

As eleições municipais estão batendo à porta de aproximadamente 210 milhões de brasileiros. Os cerca de 3 milhões restantes são os eleitores do Distrito Federal e da ilha de Fernando de Noronha que estão fora dessa. Para aqueles com a obrigação de votar em 06 de outubro, a lembrança é simples: uma eleição é feita para corrigir os erros da anterior. Por isso, já que você não pode tornar seus dias mais longos, trate de torná-los melhor. É a hora de faxinar a casa desde a cozinha até a sala de estar. Se puder, passe também pelos porões, onde costumam se esconder as cobras peçonhentas.

Na hora de apertar o Confirma na urna eletrônica, não esqueça que, antes das eleições, os candidatos têm muitos predicados, mas é depois que se conhece o sujeito. De modo que não haja dúvida a respeito dos homens públicos, cito um pensamento do estadista prussiano Otto von Bismarck. Segundo ele, nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada. Convicção e consciência acima de tudo, porque normalmente os brutos sempre ganham o que disputam.

Lembro de um desses que concorreu e venceu a corrida à Presidência da República. Durante a campanha, indagado sobre seus conhecimentos de economia, respondeu que iria disputar uma eleição e não o vestibular. Ele durou pouco, mas o catastrófico resultado de sua administração o Brasil e o mundo não esquecem. Portanto, pense bem antes de escolher seu prefeito e seus vereadores. Neste ano, serão eleitos prefeitos em 5.569 cidades e mais cerca de 58,5 mil vereadores, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Com salários bem acima da média nacional, os prefeitos são os gestores da cidade onde você mora. Também com polpudas remunerações, os vereadores elaboram projetos de lei e, na prática, são o elo entre o povo e o governo municipal. Prefeitos e vereadores costumam atuar como importantes aliados regionais na eleição e reeleição de nomes para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados. É a máxima da união acima de tudo. Independentemente do cargo que disputam, na cartilha de todos a lição número um é comer pastel em feiras livres e apertar a mão até de quem não a tem.

A número dois é fugir do eleitor depois de eleito. Menos pedagógica, a terceira é a favor do eleitor, que deve se lembrar sempre que a cigarra, com raiva da formiga, votou no inseticida. Lições à parte, guardem as carteiras e as joias e, ainda que com alguma distância, aproveitem bem as próximas eleições e as subsequentes como se fossem a última. Afinal, esse é o único momento em que o político fica mais perto do povo. É nos municípios que começa a briga partidária de navalha e gilete pelo poder maior. Hoje, o top 5 do comando municipal tem à frente o PSD, que dirige 968 cidades. Na sequência, aparecem o MDB, com 838 prefeituras, o Progressistas, com 712, União Brasil, com 564 e o PL com 371.

A luta é deles, mas a arma é sua. Por isso, não seja desatento, pois, num piscar de olhos, você pode votar em gatos ou ratazanas como se fossem lebres. É de bom alvitre ter sempre em mente que a cada dois anos o que menos importa para a população é saber o partido que ganhou a eleição. Importante é a certeza de que o eleitor jamais ganha. Daí que nunca é demais ler o livro Doutrina da Virtude, escrito pelo filósofo alemão Immanuel Kant em 1797. Em uma de suas lições, o autor afirma que, se o homem faz de si mesmo um verme, ele não deve se queixar quando é pisado. Impossível frase mais didática e clara para definir a relação entre candidato e eleitor.

*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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