Preso pela PF
Deputados acusam Cabral de afundar o Rio
Publicado
emDaiene Cardoso, Isadora Peron e Lorenna Rodrigues
A prisão na manhã desta quinta-feira, 17, do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) não surpreendeu os deputados em Brasília. Os parlamentares lembraram que a Operação Lava Jato já mirava o peemedebista há algum tempo e avaliaram que Cabral é um dos responsáveis pela crise financeira do Estado.
“O PMDB do Rio de Janeiro foi responsável por todas as crises que estamos vivendo”, comentou o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), adversário político do grupo de Cabral. O parlamentar disse que não celebraria a prisão do ex-governador e defendeu que, no cárcere, Cabral tenha seus direitos preservados.
“Ele é um dos responsáveis pela crise, pela gestão irresponsável dos últimos anos”, concordou o líder da Rede Alessandro Molon (RJ). O deputado destacou que a prisão era algo previsto porque já havia informações de que a delação do empreiteiro Fernando Cavendish comprometeria Cabral.
Em sua avaliação, os desdobramentos das investigações da Polícia Federal devem aumentar a crise no Estado. “Ainda virão mais informações, mais denúncias”, prevê.
Turbulência – O líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), afirmou que a prisão de Cabral já era esperada e classificou a relação do ex-governador do Rio com as empreiteiras como “intensa” e “incestuosa”. Para o deputado, a operação desta quinta mostrou que a Lava Jato está chegando cada vez mais perto da cúpula do PMDB e do grupo ligado ao presidente Michel Temer. “Nós podemos ter uma turbulência da República em breve”, disse.
Relator da proposta de Reforma Política em análise na comissão especial da Câmara, o deputado Vicente Cândido (PT-SP), era um dos já esperavam pela detenção de Cabral em algum momento das investigações. “Não surpreende porque tinha uma bateria de investigações contra ele. Acho que até ele esperava esse desfecho”, declarou.
Cabral foi preso na manhã desta sexta-feira, 17, em sua casa, no Leblon, zona sul da capital fluminense. Contra o ex-governador foram expedidos dois mandados de prisão: um da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e outro da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Outras sete pessoas são investigadas por integrarem organização criminosa destinada à prática de atos de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à realização de obras de engenharia no Estado.
Dificuldade em debate – O deputado Alessandro Molon avaliou que a prisão de Sérgio Cabral vai tornar ainda mais difícil o debate sobre a crise financeira do Estado do Rio de Janeiro. “A prisão reforça a impressão de que o povo está pagando uma conta que não é sua, mas culpa dos desgovernos que temos tido no Rio de Janeiro”, afirmou, após participar de reunião no Ministério de Minas e Energia.