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Em tempo de carne fraca, cuidado para não ter diarreia

Carolina Paiva, Edição

Diarreia e calor geralmente estão associados a alimentos estragados. Mas esse é um sintoma tão abrangente quanto uma febre. Segundo Guilherme Andrade, gastroenterologista do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho, podemos diferenciar dois grandes grupos:

As diarreias agudas duram menos de quatro semanas e a maioria é causada por uma infecção: seja por vírus, bactérias, ou ainda por toxinas secretadas pelas bactérias, como é o caso da salmonela, alojada no ovo ou frango cru.

Podemos identificar a origem infecciosa quando a diarreia começa de uma hora para outra, é acompanhada de febre, náuseas, vômitos e apatia. Se você comeu algo estragado e logo após desenvolveu a diarreia, é provável que seja a toxina da bactéria.

“O tratamento é esperar a eliminação destas toxinas, manter a hidratação e eventual medicamento para dor”, diz o médico. No entanto, se a diarreia aparecer depois de 12 ou até 24 horas após o contato, pode indicar contaminação por vírus ou a bactéria em si.

Há também as diarreias agudas parasitárias, mais comuns em algumas regiões do País, com falta de saneamento básico, por exemplo. Nestes casos, a identificação do verme ou parasita acontece apenas em cerca de 30% dos casos. “No consultório, o tratamento costuma ser empírico, ou seja, hidratação com soro e medicamentos para amenizar os sintomas, antes mesmo de realizar o exame para identificar o parasita”, diz o especialista.

As diarreias agudas costumar cessar entre três e sete dias. Mas, atenção: o médico deve ser procurado quando houver sangue nas fezes, sintomas de desidratação, estufamento da barriga e se você vem de alguma região com suspeita de epidemia.

Já a diarreia crônica ou intermitente dura mais do que quatro semanas seguidas, ou com o intestino soltando pontualmente entre esse período. As parasitoses também podem entrar neste grupo, mas são mais raras. No geral, há três diagnósticos para o problema crônico:

– Intolerância alimentar – principalmente à lactose, mais comuns em mulheres e idosos. Além da intolerância ao glúten e a própria doença celíaca, que cresceu muito nos últimos anos.

– Síndrome do intestino irritável – comum em mulheres jovens, acompanha dor abdominal. Pode prender ou soltar o intestino. Está ligada à movimentação, absorção, sensibilidade do intestino, mas sem alterações anatômicas ou inflamação no órgão.

– Doença inflamatória intestinal – inflamação que acomete todo o trato digestivo ou parte dele. Questões genéticas, do sistema imunológico e fatores ambientais podem estar entre as principais causas.

Lembrando que questões psicoafetivas estão fortemente relacionadas com os distúrbios intestinais, uma vez que há estimativas que o número de neurônios no intestino é maior do que no cérebro propriamente dito.

“Há uma ligação direta entre cérebro e o aparelho digestivo e isso sempre deve ser considerado”, reforça o gastroenterologista.

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