Quanto mais subimos em nossas profissões, maiores são as responsabilidades que assumimos e maiores são as exigências feitas à competência.
Nosso tempo não é mais aquele em que a empatia e o magnetismo pessoal eram suficientes para estar à frente de uma missão ou de um cargo de direção. O chefe, hoje, está cercado de subordinados mais competentes do que ele em determinadas técnicas e em suas atribuições específicas.
Esta evidência conduz à necessidade de ampliar o domínio da competência do chefe para que ele possa decidir com acerto e oportunidade, porquanto a competência é fruto do conhecimento e da experiência e é um fator de irradiação, de coesão, de sucesso e de desembaraço no relacionamento com os subordinados e no cumprimento das atividades fim da organização.
O conhecimento se adquire pelo estudo ao longo dos anos ou do tempo disponível e permite ao chefe demonstrar que conhece as bases da sua profissão ou da tarefa que cabe a ele e ao organismo que dirige.
Todavia, o conhecimento não é suficiente para obter-se a competência. Há que se ter também experiência. É graças a ela que o chefe adquire a intuição para perceber as nuances das diferentes situações que terá que enfrentar.
É a experiência que dá ao chefe a clarividência para, em um instante, assegurar-se de que todos os aspectos necessários ao cumprimento da missão estão coordenados e garantidos, convergindo para o objetivo e para o sucesso. É ela que dá o sentido de oportunidade à decisão.
A experiência, no entanto, não se adquire em conversas, em bancos escolares, em bibliotecas ou em fontes de consulta, ela é essencialmente vivência e só através dela será conquistada. É ela que distingue o prático do teórico, o que sabe do que ouviu dizer, o que executa daquele que experimenta e o que decide daquele que arrisca!
As carreiras de estado, como a diplomacia e as militares exigem respeito a essas premissas. Ninguém sai Embaixador do Instituto Rio Branco, nem tampouco General da Academia Militar. O atingimento desses postos exige conhecimento, vivência e, consequentemente, a competência, que será adquirida ao longo de muitos anos de dedicação exclusiva.
Salvo outro juízo, considero uma temeridade a consecução da intenção do Presidente Bolsonaro de nomear o jovem Deputado Eduardo Bolsonaro para o mais complexo posto da diplomacia brasileira, fora do Brasil.
Não posso por em dúvida da capacidade intelectual do Deputado para adquirir o conhecimento necessário no tempo que lhe tem sido dado para estudar os conteúdos exigidos para a missão, mas, torna-se óbvio que lhe falta e que lhe faltará o predicado essencial da experiência para que se conduza com a indispensável competência à frente da embaixada e dos negócios do Brasil nos Estados Unidos da América.
É como penso e vejo este assunto.