As emissões globais de dióxido de carbono voltaram a crescer em 2018 e devem fechar o ano com alta de 2,7%, em comparação com o ano passado. É o que revelou nesta quarta-feira, 5, o novo relatório do Global Carbon Project, divulgado nesta quarta-feira, 5, na Conferência do Clima da ONU (COP-24), realizada em Katowice, na Polônia.
É o segundo aumento consecutivo depois de um período de três anos de estabilidade (de 2014 a 2016), que tinha dado esperanças de que o problema talvez começasse a ficar sob controle. Gases de efeito estufa, como o CO2, emitidos em excesso por causa de atividades humanas, são os responsáveis pelo aquecimento global
Em 2017, porém, já havia ocorrido uma alta de 1,6%. E neste ano subiu ainda mais. O crescimento em 2018 se deu por causa da queima de carvão no mundo, que voltou a crescer depois de um período de baixa, e ocorreu apesar de um crescimento de 15% em energia renovável.
Os dez maiores emissões no ano foram China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Japão, Alemanha, Irã, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Canadá. O ranking considera as emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis e não a de desmatamento ou agricultura, por exemplo, categorias em que o Brasil mais colabora. Quando isso é levado em conta, o País aparece em alguns cálculos como o sétimo maior emissor.
“Estamos vendo um forte crescimento das emissões globais de CO2 novamente. As emissões precisam atingir um pico e diminuir rapidamente para lidar com as mudanças climáticas. Com o crescimento deste ano em emissões, parece que o pico ainda não está à vista”, afirmou em comunicado à imprensa a pesquisadora Corinne Le Quéré, da Universidade de East Anglia, instituição que lidera o levantamento.
“Para limitar o aquecimento global à meta do Acordo de Paris de 1,5° C, as emissões de CO2 precisariam diminuir em 50% até 2030 e chegar à rede zero por volta de 2050. Estamos muito longe disso e muito mais precisa ser feito. Se os países se ativerem aos compromissos que já assumiram, estamos a caminho de ver 3°C de aquecimento”, complementou.
As emissões globais de todas as atividades humanas devem chegar a 41,5 bilhões de toneladas em 2018. A maior parte disso é proveniente da queima de combustíveis fósseis que, sozinha deve atingir 37,1 bilhões de toneladas. O resto é fornecido principalmente por ações de mudança de uso do solo, como desmatamento. É nessa faixa onde o Brasil mais contribui.
A concentração atmosférica de CO2 está projetada para aumentar em 2,3 ppm, para atingir 407 ppm (partes por milhão) em média em 2018, 45% acima dos níveis anteriores à Revolução Industrial.