Capital de giro
Empresário recorre a agências estatais por dinheiro mais barato
Publicado
emDouglas Gavras
A crise econômica, que reduziu a oferta de crédito e encareceu as linhas bancárias tradicionais, levou empresários a buscar alternativas para sustentar o capital de giro dos negócios – quando não foram obrigados a tirar recursos do próprio bolso, eles recorreram a agências estatais de investimento em busca de dinheiro mais barato.
O capital de giro é o montante usado para custear as operações das empresas, como recursos para financiamento aos clientes, para manter estoques e pagar os fornecedores, arcar com impostos, salários e demais despesas operacionais.
Na Desenvolve SP, os desembolsos desse tipo aumentaram quase três vezes no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado – subiram de R$ 27,2 milhões para R$ 77,6 milhões. O montante representa 46% do total de recursos que foram desembolsados pela agência no período.
Esse aumento, ainda que esperado por analistas financeiros diante da crise e da instabilidade econômica, foi maior do que o projetado pela agência.
“As empresas sentiram muito o impacto da retração da demanda, principalmente no ano passado. Em todos os setores, não há quem não reclame de queda no faturamento. Só que mesmo quando o consumidor some, a empresa continua tendo custos”, diz o presidente da Desenvolve SP, Milton Santos. “Muitas contaram com esse recurso para permitir o desenvolvimento de projetos e tentar sair da crise mais rápido.”
A agência estadual teve aumento de 20% no total de desembolsos do primeiro semestre, sendo a maior parte para indústria (49%), seguido por serviços (35%) e comércio (7%).
Na desenvolvedora de sistemas do empresário Gilberto Dias, o empréstimo liberou recursos para financiar um projeto de autoatendimento em cantinas escolares. “Tentei nos bancos, mas as taxas eram muito altas. Também pedi no BNDES, mas só consegui via agência estadual. O mercado melhorou um pouco neste ano e o lucro com o sistema já está ajudando a quitar o empréstimo.”
Thiago Brehmer, sócio da consultoria Grant Thornton, de contabilidade, lembra que o financiamento para capital de giro, apesar de importante em momentos de escassez de financiamento, deve ser visto pela empresa como uma espécie de “hora extra”. “É um recurso de emergência, que deve ser tomado em último caso.”
Ele lembra que os juros para empréstimos no mercado são de cerca de 30% ao ano. Nas agências estaduais, é possível conseguir o financiamento por uma taxa média anual de 15%