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Encenação da Paixão de Cristo leva 55 mil pessoas ao Morro da Capelinha

Yara Aquino

Milhares de pessoas acompanharam nesta sexta (25) a tradicional encenação da Via Sacra no Morro da Capelinha, em Planaltina, que retratou momentos da Paixão de Cristo, entre eles a condenação de Jesus, o recebimento da cruz, a crucificação, a morte e a ressurreição.

A Via Sacra é realizada há 43 anos. Este ano, contou com 1.050 atores nos papéis de personagens bíblicos como Jesus Cristo, Maria, os apóstolos, Pôncio Pilatos, cavaleiros romanos e camponeses.

No público, pessoas de todas as idades, muitos jovens com camisetas de grupos de paróquias católicas e até crianças de colo. A expectativa da organização era que 130 mil pessoas assistissem ao espetáculo. A Polícia Militar estimou em 55 mil presentes.

Promessas – Ao longo do percurso da subida do morro, um dos momentos de maior emoção para o público foi a encenação da crucificação de Jesus. Mas o ponto alto da Via Sacra foi a ressurreição, que arrancou aplausos e gritos dos que acompanhavam. Milhares de pessoas disputaram o espaço para ver de perto esse momento.

A encenação começou por volta de 16h30 e meia hora depois ainda era grande o número de pessoas chegando. Bem antes do início do espetáculo, a policial civil Elizete Rodrigues do Lago, de 42 anos, já estava no Morro da Capelinha para não perder nenhuma das estações.

Elizete acompanha a Via Sacra há 15 anos, mas dessa vez teve um motivo especial para participar. A filha está internada, em tratamento, após ter sido diagnosticada com leucemia e ela veio também para pedir pela cura da adolescente.

Católica, ela disse que a encenação da Paixão de Cristo a emociona todos os anos. “Gosto muito. A encenação é marcada por muita fé. Hoje, temos aqui uma energia muito positiva e acredito que as pessoas se transformam quando chegam”, acrescentou.

Acompanhada do marido, a vendedora Maria Betânia de Sousa, de 27 anos, assistiu a encenação pela terceira vez. Ela elogiou os figurinos, a atuação dos atores e a organização do evento e afirmou que pretende vir todos os anos.

“Para mim, o momento mais emocionante foi a ressurreição de Cristo, quando temos renovada nossa fé.” Mesmo com o trajeto longo e da subida do morro, Maria Betânia disse que o esforço compensou. “É tão interessante que nem sentimos cansaço.”

O movimento no Morro da Capelinha começou ainda pela manhã, quando diversas pessoas foram ao cruzeiro no alto do morro acender velas e pagar promessas. Algumas subiram de joelhos para agradecer graças recebidas.

Depois de iniciada a encenação ainda era possível ver pessoas pagando promessas. Enquanto os atores estavam na primeira cena da Paixão de Cristo, um homem subia o trajeto arrastando uma cruz apoiada no ombro. Pouco depois, outro descia na mesma situação.

Organização e verbas – Durante quatro finais de semana os atores ensaiaram para o espetáculo que envolve 1,4 mil pessoas, entre artistas e os que trabalham nos bastidores, em equipe técnica e de apoio. Para vestir tantos atores, foram usados mais de 800 metros de tecidos. Uma equipe de nove pessoas começou a trabalhar 40 dias antes para garantir a beleza dos figurinos e cenários.

De acordo com o governo do Distrito Federal, a Via Sacra deste ano teve R$ 500 mil de emenda parlamentar e outros R$ 200 mil da Secretaria de Cultural. De acordo com a organização, o valor é menor que o esperado e, com menos recursos, a infraestrutura teve de ser reduzida e parte da decoração reciclada. O evento contou com efetivo de 490 policiais militares e foi resgitrada apenas uma ocorrência de perda de documento.

Neste mês de março, o Morro da Capelinha foi palco de um conflito judicial. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou a retirada de cercas de arame farpado instaladas na área pelo dono de terras vizinhas e que inviabilizariam a realização do espetáculo de Páscoa. A ação foi movida pela Paróquia São Sebastião de Planaltina, que alegou ser a legítima dona da área de 77,1 hectares desde 1973.

Agência Brasil

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