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As amigas de óculos

Encontro na academia, anos depois, afaga egos

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - de Arquivo

As duas meninas, agora não tão meninas assim, já haviam passado dos 20, mas ainda faltava percorrer um bom caminho até os 30 Elas se conheciam desde os tempos de escola, quando, inseparáveis, corriam pelo pátio à procura de sonhos. Seus nomes? Thayná e Aninha.

As duas tomaram caminhos bem diferentes. A Thayná se tornou modelo e está fazendo curso de medicina veterinária, enquanto a Aninha foi ser advogada. No entanto, apesar das profissões distintas, as duas continuavam a se encontrar de vez em quando, além de guardarem algo em comum: o alto grau de miopia.

Certo dia, que não faz tanto tempo assim, lá estava a Aninha correndo na esteira da academia, quando percebeu, logo ali adiante, a Thayná numa bicicleta ergométrica. A modelo pedalava tanto, como se fosse possível a bicicleta sair voando pela janela. A advogada, feliz por rever a amiga, quis ir cumprimentá-la, mas eis que chega uma mensagem de um cliente no seu aparelho celular.

A cena que se passou foi mais ou menos assim: A Aninha digitava com uma velocidade muito maior do que das suas pernas, que tentavam não perder o ritmo acelerado da esteira, que, por sua vez, não parecia nem aí para o diálogo entre a advogada e o seu cliente. Até que, de repente, a Thayná surge bem na frente da amiga.

– Oi, Aninha, tudo bem? Quase não te reconheci, pois hoje vim sem óculos.

– Ah, eu já havia te visto ali fazendo bicicleta.

– Ué, mas eu acabei de entrar!

– Sério?

– Mas ela era bonita pelo menos?

– Ah, também esqueci os meus óculos. Mas o vulto parecia bonito sim.

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