Thaís Barcellos
Após ficar dois meses acima dos 50,0 pontos, o que aponta maior otimismo com a economia, o indicador que mede a confiança de micro e pequenos empresários do varejo e do setor de serviços recuou 1,3 ponto em dezembro, para 48,9 pontos. O dado é calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e obedece uma escala que varia de zero a 100. Na variação anual, a confiança de micro e pequenas empresas avançou 8,9 pontos, de 40,0 pontos.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a confiança ainda está longe de ser satisfatória e parece não encorajar o investimento, como apontam outros indicadores. Ele acrescenta que a confiança é um indicador muito importante a ser analisado atualmente por ser um componente essencial para a retomada econômica.
“A confiança é que pode induzir o investimento por parte das empresas, gerando empregos e estimulando o consumo, hoje em baixa por causa da recessão. No entanto, a consolidação da melhora da confiança dos empresários depende de cenários que ainda são fontes de incertezas: novas instabilidades políticas, avanço das reformas debatidas no Congresso e um ambiente externo favorável”, avalia Pinheiro.
Em dezembro, a retração da confiança foi influenciada principalmente pela avaliação sobre a economia atual. Em termos porcentuais, 66,2% dos micro e pequenos empresários acreditam que a situação da economia piorou nos últimos três meses. Já 53,9% dos entrevistados consideram que a situação do seu próprio negócio passou a enfrentar dificuldades no mesmo período, com destaque para a queda das vendas devido a crise econômica (69,8%).
O índice de expectativas também teve declínio na margem, de 64,8 pontos em novembro para 60,9 pontos em dezembro. No confronto anual, contudo, houve aumento significativo de 10,6 pontos.
Dentre os empresários consultados, 63,9% estão confiantes no desempenho de seus próprios negócios nos próximos seis meses e 46,5% manifestaram otimismo com a economia do País. Mas, assim como em novembro, a maior parte dos entrevistados confiantes não soube explicar as razões para a perspectiva positiva com o futuro da economia (38,4%) ou de seus negócios (28,7%). A boa gestão é o segundo principal motivo (22,5%) para o otimismo com o desempenho do próprio negócio.
“Os entrevistados têm controle de sua empresa, mas não podem controlar a economia. Assim, diante da adversidade, o empresariado tende a acreditar que pode promover ajustes para atenuar o impacto da crise”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.
Entre os pessimistas com a economia (21,9%), o principal fator apontado é a incerteza política (30,3%).
A maioria relativa dos micro e pequenos empresários sondados (43,6%) acredita que o faturamento de suas empresas irá crescer nos próximos seis meses, quase empatada com a fatia que não vê perspectivas de avanço nos próximos seis meses (41,6%). Já 10,4% projetam queda nas receitas durante esse intervalo.
O Indicador de Confiança do SPC Brasil e da CNDL é baseado nas avaliações dos micro e pequenos empresários sobre as condições gerais da economia brasileira e também sobre o ambiente de negócios, além das expectativas para os próximos seis meses tanto para a economia quanto para suas empresas.