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Enfim morto, Don Juan recebe alcunha de chato

Martins, apesar de ter nascido em Rio Grande, município do litoral gaúcho, logo cedo foi morar no Rio de Janeiro. Cresceu todo cheio de si na Cidade Maravilhosa, justamente em Copacabana. Desde menino mostrou uma queda para o esporte, especialmente a natação. Todavia, a verdadeira vocação dele era se exibir. Parecia um pavão com uma enorme melancia no pescoço.

Peito estufado, caminhava pelas areias da mais famosa praia do mundo, como se tudo aquilo lhe pertencesse. O tempo passou, acabou por se casar com uma das inúmeras mocinhas apaixonadas pelo galã. O casório parece que não durou muito, pois as tentações eram tamanhas para o Don Juan. Romances aqui, romances acolá, Martins se prendeu por um tempo a outra mocinha. Todavia, também não durou tanto assim.

Logo em seguida, lá estava o conquistador fazendo galanteios para mais uma mocinha. Esta, por sua vez, talvez mais esperta que as demais, colocou rédeas firmes no gajo, que já não era tão jovem assim. Além do mais, o casal foi morar em Nogueira, aconchegante distrito de Petrópolis, a famosa cidade serrana. E foi justamente lá que o nosso herói envelheceu.

Quando morreu, todos que o conheciam correram pro velório. Um dos seus filhos, o Marcius, que vinha de Niterói, passou pelo centro de Petrópolis, onde encontrou um velho conhecido de seu pai.

– O Martins e eu fomos amigos não sei por quanto tempo. E, por isso mesmo, posso lhe contar uma coisa sem medo de estar falando bobagem.

O rapaz observava atentamente aquele velho tão enrugado como o falecido e, com um restinho de coragem, perguntou:

– O quê?

– Nogueira jamais conheceu um cara mais chato do que o seu pai!

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