Beka Andrade, Edição
A nictalopia, mais conhecida como cegueira noturna é uma condição que gera dificuldades ou mesmo impossibilidade de se enxergar em ambientes escuros. A complicação pode se manifestar por causas genéticas ou simplesmente por deficiência nutricional.
No fundo, as patologias que geralmente desencadeiam a cegueira noturna são catarata, miopia e Retinose Pigmentar. Ramon Carlos, oftalmologista do Visão Institutos Oftalmológicos, em Brasília, destaca esta última que, por ser de origem genética, leva à destruição das células da retina e, consequentemente, à cegueira noturna.
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a estimativa é de que, no Brasil, existam cerca de 50 mil pessoas com Retinose Pigmentar manifesta.
Com a progressão da doença, há também a perda da visão central e o paciente passa a apresentar dificuldades para enxergar até mesmo durante o dia. “No caso de nictalopia, costuma-se fazer acompanhamento para tratar as causas que geraram isto. Se a retina ficar inchada, por exemplo, devido à Retinose Pigmentar, pode-se tratar o inchaço, mas a progressão da cegueira noturna é difícil controlar”, conta Ramon.
Segundo o médico, os primeiros sintomas costumam aparecer logo na adolescência. “O indivíduo começa a ter dificuldade de andar em ambientes escuros e não tem o contraste que uma pessoa com visão normal teria. É bom procurar um oftalmologista desde o começo”, alerta. O conselho Brasileiro de Oftalmologia reforça que ovos, laticínios, cenoura, pimentão vermelho, manga e folhas de verde intenso protegem a córnea e evitam cegueira noturna.
Em 2013, o Argus II – uma espécie de olho biônico –, começou a ser utilizado nos EUA. Após mais de 20 anos de estudo, a tecnologia foi aprovada pelo FDA, órgão governamental responsável pelo controle de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, para tratar também de pacientes com avançado estágio de Retinose Pigmentar. A partir de então, já é real a implantação de um micro dispositivo na retina dos pacientes com certo tipo de cegueira.
Argus II já está disponível em centros clínicos dos Estados Unidos há três anos, mas, de acordo com Ramon, a tecnologia ainda não é uma realidade no Brasil e não há previsões para a chegada dela.