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Enquanto o Congresso ferve, clima é de calmaria entre os manifestantes dos dois lados

Andreia Verdélio

A calmaria na Esplanada dos Ministérios, nesta sexta (15), contrastou com os discursos acalorados que eram proferidos na Câmara dos Deputados contra e a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A Polícia Militar mantém o trânsito bloqueado desde a zero hora e os servidores que chegaram para o trabalho precisaram recorrer aos estacionamentos dos anexos, atrás dos edifícios sedes dos ministérios.

Enquanto a polícia faz a guarda no local previsto para receber as manifestações, os grupos a favor e contra o impeachment se concentram nos acampamentos do estacionamento do Estádio Mané Garrincha, manifestantes contra, e no Parque da Cidade, manifestantes a favor.

A votação na Câmara deve ocorrer na noite de domingo (17) e a Esplanada só deve ser liberada para carros após a dispersão dos manifestantes que vieram a Brasília acompanhar a discussão e votação do processo de impeachment.

A favor do impeachment – O escultor Maciel Joaquim, 34 anos, veio do Rio Grande do Sul há uma semana e está acampado no Parque da Cidade. Ele espera mais pessoas a favor do impeachment, que vão chegar em caravana até domingo, segundo afirmou. “Estar aqui é libertador. Muitas das pessoas que estão aqui são pessoas que já não conseguem mais dormir à noite, tamanha a gravidade do aparelhamento do estado e do jeito que a esquerda nos infiltrou”, disse.

Ele está otimista para participar das manifestações no fim de semana. “Lutamos muito para trazer igualdade, para acabar com essa doutrina de esquerda e voltarmos a ser um povo só”, disse.

Selma Vilela é autônoma, viajou 19 horas de Minas Gerais até Brasília, e espera uma virada para o país com o impeachment da presidenta Dilma. “Eu espero um país melhor, espero a queda do governo e espero que nós consigamos mudar este país e acabar com a corrupção e com esse desemprego que nos assola”, disse Selma, que ficou desempregada há cerca de um ano. “Tenho certeza que foi por causa dessa crise. Não só eu, como milhões de brasileiros”.

Contra o impeachment – O acampamento no estacionamento do Estádio Mané Garrincha conta hoje com mais de três mil pessoas, segundo Rafaela Alves, da coordenação do Movimento Pequenos Agricultores e uma das coordenadoras do acampamento da Frente Brasil Popular, grupo que defende a permanência da presidenta Dilma Rousseff no governo. Ela explica que, até domingo, 50 mil pessoas devem estar no acampamento e a expectativa é mobilizar 200 mil pessoas nas ruas do Distrito Federal.

“Nosso grande objetivo é articular os trabalhadores na luta contra o golpe e pela democracia”, disse Alves, que veio do Ceará para ajudar na coordeção do acampamento.

Para a coordenadora, o muro instalado no meio do gramado da Esplanada dos Ministérios apenas materializou a divisão de classes, “porque ela sempre existiu”. “A luta do povo trabalhador não é de hoje, a luta por democracia não é de hoje, nós não esquecemos o golpe de 1964, sabemos exatamente o que significou a ditadura militar que matou e torturou em nome de um projeto de sociedade diferente. O projeto que nós defendemos é um projeto de vida, de soberania, de dignidade, de justiça, de divisão do poder e da renda, que não deve estar concentrada na mãos de poucos”, disse Rafaela.

O motorista de ônibus Harley Davidson, de 36 anos, veio de Natal para Brasília para defender a permanência de Dilma na presidência. “Viemos com o objetivo de lutar pela democracia. Entendemos que a presidenta Dilma foi eleita pelo voto da maioria, que deve ser respeitado, e acreditamos que vamos conseguir defender o mandato dela até 2018”, disse.

Agência Brasil

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