O ensaio da Via Sacra de Planaltina reuniu neste domingo 6 mais de 1,4 mil pessoas no morro da Capelinha, em Planaltina, cidade a 50 quilômetros de Brasília. A encenação, que revive os últimos momentos da vida de Jesus Cristo, é o maior teatro popular a céu aberto do Centro-oeste. A encenação é feita por membros da comunidade que atuam voluntariamente no espetáculo.
O advogado Marcelo Ramos, 26 anos, vai viver neste ano, o papel principal. Ele conta que começou no grupo como apoio, há sete anos. Os ensaios para viver Jesus Cristo começaram em outubro do ano passado. Ele conta que quando foi convidado ficou surpreso, mas não se intimidou. “Primeiro vem o espanto, porque ninguém espera um convite destes. Depois vem a aceitação e eu acredito que Deus não escolhe os capacitados, Ele capacita os escolhidos”, conta o advogado cheio de machucados por causa das quedas e das chicotadas dos ensaios. Na reta final, Marcelo Ramos enfrenta uma subida, de quase dois quilômetros, carregando uma cruz de 25 quilos.
A caminhada morro acima é acompanhada de perto por dona Maria de Lourdes Maciel, que há 6 anos interpreta Maria, mãe de Jesus. A agricultora, de 64 anos, diz que mesmo participando da Via Sacra desde a primeira encenação – há 41 anos, sempre se emociona durante a peça, principalmente nos momentos em que contracena diretamente com Jesus. “Toda mulher tem um pouco de Maria, e eu me coloco no lugar de Maria, vejo o Marcelo como se fosse meu filho. Existe um laço afetivo”.
Dona Maria de Lourdes também cuida de todos os figurinos da peça e, nesse trabalho, conta com o apoio de filhos e netos. “Eu doo um mês do meu ano para este trabalho. Eu não estou fazendo isso para ninguém, eu faço isso para Deus, para ajudar na conversão das pessoas que vêm aqui”, afirma a agricultora, que durante este período se dedica quase que exclusivamente à preparação da peça.
A encenação da Via Sacra de Planaltina será no dia 18 de abril, sexta-feira da Paixão, a partir das 16h. A organização espera cerca de 180 mil pessoas para prestigiar o espetáculo, 50 mil a mais que no ano passado. A estimativa é que mais de R$ 1 milhão foi gasto para a manutenção dos cenários, confecção de figurinos, iluminação e sonorização. O grupo se mantém com doações.
Pollyane Marques, ABr