Diretores e auxiliares de uma entidade filantrópica do Distrito Federal são suspeitos de usar em benefício próprio dinheiro repassado pelo governo local para levar assistência social e educacional a crianças e adolescentes carentes. O prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 3 milhões.
Três dirigentes da Fenações Integração Social, incluindo sua presidenta, Luzia Rodrigues de Souza, foram encaminhados nesta sexta 24 ao Departamento de Polícia Especializada (DPE) para prestar depoimentos.
A entidade mantém duas creches em Samambaia e uma em Recantos das Emas, além de um centro profissionalizante também em Recanto da Emas. Funcionários informaram que, juntos, os quatro estabelecimentos atendem a pelo menos 800 crianças e adolescentes. Algumas das creches funcionam há pelo menos 20 anos.
Parte dos recursos necessários para manter os projetos funcionando vinham de convênios da Fenações com o Governo do Distrito Federal, por meio das secretarias de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) e da Educação. Procurada, a Sedest informou que o convênio foi cancelado em 2011.
Durante a Operação Matriarca, deflagrada esta manhã, agentes da Divisão de Combate ao Crime Organizado (Deco) cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em residências nos Lago Norte e Sul, Samambaia, Octogonal e na sede da diretoria da entidade, no Recanto das Emas. Foram apreendidos computadores, mídias, notas fiscais, procurações e outros documentos.
De acordo com as investigações policiais, entre os anos de 2003 e 2009, a entidade apresentou à Secretaria de Fazenda cerca de 3,7 mil notas fiscais para justificar a compra de suprimentos destinados aos abrigos. Dessas, apenas 14% eram verdadeiras, segundo o delegado.
Para a Polícia Civil, há elementos que comprovam que a presidenta, coordenadores, contadores e auxiliares da entidade tinham conhecimento das práticas criminosas. Não está descartada a participação de outras pessoas no esquema. A reportagem telefonou para a presidenta e para uma diretora da Fenações, mas não foi atendida. Funcionários da entidade disseram não haver ninguém se pronunciando sobre as acusações.