Existem e existirão políticos que só aparecem em período eleitoral. Esse comportamento sempre foi assim. Mesmo que ainda seja muito cedo para se pensar em eleição no Distrito Federal, 2024 está apontando ali no horizonte, para além do bem e do mal, nos municípios brasileiros.
Em Brasília só teremos eleições em 2026, mas, nos municípios, teremos as eleições de 2024 para pensar… e o povo deseja (e precisa) de saúde grátis, garantida, mesmo que não cumprida satisfatoriamente, pela Constituição. O político promete saúde grátis se chegar ao cargo, e o eleitor vota no político pela promessa da saúde que já é grátis, embora, repito, aos trancos e barrancos.
Na vida tudo tem as suas entrelinhas. E o político vira um suposto elo entre o povo e suas demandas, mas nada é tão simples assim.
No Distrito Federal – nem sequer esquecemos as eleições de 2022. Mas Ibaneis Rocha (MDB), trabalha para garantir sua vaga no Senado, já que não pode mais ser reconduzido ao cargo de governador em 2026. Por aqui esse cenário já está desenhado e a trilha começa a ser traçada num jogo para que o ocupante do Palácio do Buriti vá mexendo suas peças para marcar bem o espaço político que vem ocupando desde 2018 – e sem oposição nenhuma, porque a Câmara Legislativa – e seus deputados distritais – tem comportamento (aqui e acolá) de puxadinho do Executivo.
Mas, a política é como uma nuvem, já dizia, ressoando Tancredo Neves, o ilustre Ulysses Guimarães – saudoso deputado das fileiras do MDB de Ibaneis que, decidido, já tem sua vice-governadora, Celina Leão (PP), como a sucessora do seu legado no Palácio do Buriti.
Porém, algumas coisas transportam à famosa capacidade do baiano Gilberto Gil, conhecido como o rei dos jogos de palavras. Aqui, particularmente, as palavras compõem o discurso político para ganhar o eleitor, naquela velha teoria de quem prometer mais, estará eleito.
Estratégias modernas e atualizadas para uma campanha eleitoral, principalmente a municipal de 2024, precisam mostrar e trabalhar os diferentes fatores que influenciam a decisão do voto – políticos, igualmente a eleitores, gostam de atenção e carinho. Sem isso, viram pedra de tropeço.
Quem está no topo da política precisa tomar cuidado. Na atualidade acontece muito o “estamos juntos e misturados”. As palavras voam com o vento. E no apagar das luzes, o sorriso acaba, a reunião sórdida e cheia de planos de tomada de poder acontece sem que ninguém desconfie.
Contudo, fica claro que para se manter no poder, não basta esfriar a cabeça e tocar o barco. Os bastidores nesses próximos meses serão fundamentais, principalmente porque no Entorno da capital da República, mais de 700 mil eleitores, em 22 municípios goianos e mineiros que rodeiam o Distrito Federal devem voltar às urnas no próximo ano.
A Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (RIDE), e isso ninguém desconhece, tem necessidade de saúde, educação, segurança e transporte público de qualidade. Mas o eleitor-cidadão que ali reside, em cidades-dormitórios, e que deposita seus votos nas urnas de Brasília, não anda satisfeito com o que lhes é prometido e não cumprido.
É preciso mudar a realidade da região, geralmente associada à violência e a carências de infraestrutura de educação, saúde e transporte. Os eleitores do Entorno deverão eleger 22 novos prefeitos e 266 novos vereadores em 2024. E isso terá um peso dois anos depois.
Com quase 1 milhão de eleitores, aí incluídas Luziânia, com mais de 100 mil eleitores, Águas Lindas, segundo maior colégio eleitoral da região e Valparaíso de Goiás, as cidades do Entorno serão decisivas para qualquer projeto político-eleitoral, seja de governador, senador ou deputado federal. O trampolim está nesse conglomerado de gente que almoça em Brasília e janta entre 80 e 100 quilômetros de distância.
Supostos candidatos a cargos majoritários e proporcionais em 2026 precisam ver seus aliados aprovados nas urnas do próximo ano. Até agora, porém, patinam como crianças quando o inverno chega forte lá no Velho Continente. Pedir voto apenas em época de eleição, é fácil, independente do pensamento ideológico. O X da questão está no velho ditado popular, de que quando se perde um mandato, nem o vento bate mais à porta.
*Um pensador errante que às vezes, acerta… outras vezes… observa.