A primeira consequência da epidemia de denúncias de corrupção que se abate sobre o país é de um desânimo generalizado na sociedade, misto de impotência e desesperança.
Falta aquilo que Dom Hélder Câmara dizia – a respeito de JK – ser o ingrediente número 1 para despertar confiança da sociedade: exemplo dos governantes.
De quem receber exemplos nos dias de hoje?
De uma coisa existe quase consenso nos meios políticos que desejam melhoras e reformas: a reeleição fracassou como instituto criado na Constituição para dar mais tempo para a gestão dos eleitos para o Executivo.
Nem melhorou a gestão e ainda instalou a corrupção aguda.
A reeleição atualmente é o motor e crises institucionais, além de ter acentuado a sedução da longevidade dos grupos no poder (cada um quer 2O anos pelo menos).
Instalou uma oposição apenas retórica, sem programa de oposição, postura de oposição e exercício de oposição.
Pela longa permanência no poder fez aumentar a visão de patrimonialismo que é o pior dos sentimentos de posse.
A reeleição criou tutelas arrogantes, tutelados perplexos e tutores desagradáveis.
Os que não mais estão à frente do poder esperam voltar na próxima eleição, pois a tentação é a máxima: tratar o patrimônio público com o privado.
Gestão se transforma em dirigismo: tudo é canalizado para a constelação de interesses que se encastela no poder junto com o presidente eleito e reeleito. Base congressual, empreiteiras e mercado – juntos, unidos e acertados.
Romper esse círculo vicioso é papel da reforma política,ampliando-se a duração do mandato do presidente para cinco anos, numa só eleição.
Leonardo Mota Neto, by www.cartapolis.com.br