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Equipe de Figueiredo erra lição de casa e professora expulsa comitiva do quarto

José Escarlate

Nessa época eu comandava o jornalismo da EBN, mas o Émerson Sousa conta detalhes da viagem, bolada pela “assessoria de eventos lúdicos” da presidência. Durante meses, o Cerimonial preparava a visita do presidente Figueiredo ao Rio Grande do Sul, terra onde passou parte de sua da infância e juventude.

Alguém da assessoria propôs que ele visitasse, em Alegrete, sua primeira professora, D. Mimi Contínuo. Contatos feitos, a velha mestra estava na casa dos 90 anos. Se a visita de um presidente da República na casa de alguém numa grande cidade já é um fuzuê danado, imaginem numa pequena cidade do interior.

As filhas de d. Mimi, contatadas, foram ao Palácio do Planalto para dar seguimento às tratativas da visita. Diziam que a professora de Figueiredo estava ótima de saúde, memória invejável, lúcida como um menino e quase a toda hora mencionava João – como chamava Figueiredo – e seu pai, o então cel. Euclydes que serviu muitos anos na região de Alegrete.

Dia da visita, o alvoroço começou logo no pequeno aeroporto. Depois de passar na prefeitura e almoçar, Figueiredo e comitiva se dirigem para a casa de d. Mimi. A imprensa toda atrás. Na porta da casa, uma pequena multidão se espremia nas duas calçadas da rua estreita.

O Cerimonial e a Assessoria de Imprensa do Planalto decidiram organizar um “pool” para a cobertura do encontro do presidente e sua professora, que seria no quarto onde d. Mimi repousava, não comportando muita gente. Um repórter de texto, um fotógrafo e um cinegrafista fariam a cobertura, repassando o material aos demais. Antes da chegada do presidente, o cerimonial ainda indagou como estava d. Mimi.

As filhas, como sempre, responderam: “mamãe está ótima, memória invejável, lúcida e quase a toda hora fala do menino João“. E foram para o quarto de d. Mimi. Menos de 15 minutos e voltam todos. Silvio Leite, repórter encarregado do “pool” foi logo rodeado por todos que queriam ouvir o relato. Com a franqueza que lhe era peculiar, abriu: “D. Mimi, como disseram as filhas, está lúcida, lúcida, só que não lembra de porra nenhuma. Não sabe quem é João, quem foi Euclydes e muito menos que foi professora. Deu um esporro geral e colocou todo mundo prá fora”.

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