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Erik Rigonato estava feliz, na plenitude da vida. O avião caiu; essa é a pura verdade

Um desabafo emocionado, forte, mesmo sendo carinhoso, em defesa de um homem íntegro. É isso o que se pode dizer de texto assinado pela jornalista Polyana Resende, chefe da Assessoria de Comunicação do Tribunal de Contas do Distrito Federal, sobre a morte do seu namorado Erik Rigonato, vítima de acidente com um monomotor em Pirenópolis, Goiás, nesse fim de semana.

Polyana chocou-se com informações deturpadas. E pede que a verdade seja restabelecida. Solidário a esse momento de aflição, não só de Polyana, mas de toda a família, Notibras transcreve a seguir o texto encaminhado a diferentes veículos de comunicação.

Queridos amig@s jornalistas,

Queria, de forma muito carinhosa, pedir um pouco mais de responsabilidade ao escrever sobre a queda do avião em Pirenópolis.

Eu era a namorada do Erik Rigonato que pilotava o monomotor. Viajamos juntos pra cidade goiana na aeronave da família na sexta. Voltaríamos na segunda. Iríamos passar o melhor fim de semana das nossas vidas. O último dele.

Desde a partida de Brasília, ele foi extremamente cuidadoso fazendo inspeção do avião. Verificou combustível, motor e fez o Check List antes da decolagem. Fizemos um voo e uma aterrissagem impecáveis. Fez os mesmos procedimentos de segurança no dia do acidente.

Ele era piloto há anos e tinha muitas horas de voo. Em nenhum momento eu ou a Carolina Cazelli, namorada do Guilherme (que também faleceu), dissemos que o Erik era inexperiente como piloto, como muitos jornais divulgaram. Nunca dissemos nada disso pra PM/GO. Nós assistimos a tudo no Aeroporto de Pirenópolis. Eles não estavam fazendo acrobacias. Eles não estavam alcoolizados. Isso são inverdades que vêm sendo reproduzidas sem qualquer critério ou apuração cuidadosa.

O que aconteceu é que em certa altitude o avião parece ter perdido a força e caiu em parafuso. Foi um momento aterrorizante para nós duas. Como não houve explosão e nem vimos fumaça, tínhamos uma ponta de esperança que eles pudessem sobreviver. Corremos desesperadas, nos embrenhamos na mata, sem conseguir respirar e em desespero. Quando nos aproximamos e vimos os corpos, caímos e urramos de dor. Foi o dia mais difícil das nossas vidas.

Não tinha me pronunciado sobre o assunto porque a dor está grande demais. Mas esta sendo muito difícil ver certas pessoas desrespeitando a memória deles, fazendo comentários rudes, reproduzindo mentiras. No momento em que as pessoas deveriam enviar os sentimentos, as orações e acolherem os familiares e amigos, elas julgam. Não façam isso. Ambos eram pessoas incríveis.

O Erik foi responsável e era uma das melhores pessoas que conheci. E não digo isso porque ele morreu. Quem o conheceu sabe que ele era muito, muito, muito especial.

O Erik era cordial com todos sem distinção, era um pai, um filho, um tio e um irmão amoroso, era generoso com os amigos e com quem ele mal conhecia; era educado, simples e humilde. Era dono de um sorriso largo, lindo e verdadeiro. Era incapaz de fazer mal a alguém. Ele iluminava os lugares onde estava.

O que me conforta um pouco era saber que ele estava muito feliz, pleno e sereno nos últimos momentos de vida dele. Que nós nos amamos com verdade, leveza e maturidade. Que ele pôde estar com amigos verdadeiros, com primas queridas e com o amor dele antes de fazer a passagem. Que ele possa ir em paz com relatos dignos da pessoa grandiosa que ele foi em vida.

Polyana Resende

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