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‘Errei em dar segurança aos meus filhos? Então me desculpem’. Só isso, Márcia?!

Zildenor Ferreira Dourado

A Secretária de Segurança Pública do DF, Márcia de Alencar, negou nesta segunda (9) à Comissão de Segurança da Câmara Legislativa que tenha cometido ilegalidade administrativa por ter aceitado, da Casa Militar, escolta para conduzir seus filhos a um colégio, conforme foi noticiado pela imprensa local, no final de abril.

“Mas se eu causei incômodo eu peço desculpas”, afirmou. Ela ressaltou que acatou a recomendação para aceitar a escolta policial para seus filhos por ter recebido uma ameaça de morte concreta. Mas negou-se a dar detalhes do fato, alegando “segredo de justiça”.

Indagada pelo deputado Wellington Luiz (PMDB), Márcia Alencar admitiu que uma ex-empregada doméstica que serviu a sua família foi contratada naquela secretaria, exercendo cargo comissionado. “Ela tem escolaridade compatível ao cargo ocupado, é eficiente e tem competência para o exercício da função”, justificou. A secretária reclamou da forma como essa informação foi obtida, admitindo que vai apurar a abordagem às filhas da servidora denunciada.

A secretária também confirmou que um de seus filhos adolescentes fez um sobrevoo em helicóptero oficial, na Esplanada dos Ministérios, na noite de votação do impeachment (17 de abril). “Quando cheguei na aeronave para fazer a operação final de sobrevoo da área da manifestação meu filho já estava no helicóptero. O comandante envolvido poderia ter se negado a transportá-lo. Mas o voo teria que ser feito de qualquer maneira e tinha lugar disponível”, defendeu-se, sustentando que não teve como dissuadir a vontade do filho e que irá ressarcir o erário público caso seja considerada culpada.

A secretária também ressaltou em sua defesa que estaria sendo alvo de perseguição “política”, sustentando que está conseguindo na secretaria reduzir os índices de criminalidade no DF. Alegou também que a segurança especial aos seus filhos também se justificava por sua condição de “civil, mulher e mãe”, e que sua arma é “o diálogo”. Marcia de Alencar disse ainda que outro ex-secretário de Segurança, Roberto Aguiar, também civil, usou da segurança especial para familiares.

Wellington Luiz contestou o fato de diretores de presídios e outros servidores da Secretaria de Segurança não terem o mesmo direito de escolta especial para seus familiares. Enfatizou, contudo, que a apuração sobre se houve irregularidades administrativas nos três episódios ficaria a cargo de investigação do Ministério Público.

O deputado Raimundo Ribeiro (PPS) rechaçou as explicações da deputada que invocou sua condição de mulher, lembrando a necessidade de “impessoalidade” das ações do serviço público. Ele questionou também o fato de o governador não ter antes assegurado o direito de escolta a familiares do titular da Secretaria de Justiça, quando o comando do sistema penitenciário ficava sob sua responsabilidade.

A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), disse à secretária que ela deveria ter tornado pública a ameaça que teria recebido, enfatizando que receberia o apoio dos distritais para a apuração do caso. E criticou a contratação da ex-empregada doméstica da secretária, “em horário especial de trabalho.” Celina disse que Márcia Alencar se envolveu em “três situações de desajuste”, que poderiam ser evitadas.

Para o deputado Robério Negreiros (PSDB), a secretária de Segurança usou de “firulas emocionais subjetivas” ao invés de fornecer respostas objetivas sobre os questionamentos feitos pela comissão. Segundo Negreiros, a secretária tratou com “desleixo” a coisa pública, e reiterou que ela deve explicações à Casa e ao Ministério Público, o qual deve realizar procedimento de investigação para apurar os fatos.

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