Colocado para escanteio por seus correligionários na disputa pela única vaga no Senado Federal, o deputado distrital Chico Leite (PT) vê de camarote o fraco segundo lugar de Geraldo Magela na corrida para virar senador.
Empacado nos 16%, o ex-secretário de Habitação do Distrito Federal tem apenas a metade da intenção de votos do queridinho dos brasilienses, o deputado José Roberto Reguffe (PDT), e empatando tecnicamente com o senador Gim Argelo (PTB), que tenta a reeleição.
Mas o sonho petista de conseguir, pelo desejo popular, a vaga no Senado, já nasceu morto. Era previsível. Entre 2009 e 2010, nos bastidores, e por algumas correntes políticas amigas dentro do PT, existia um trabalho para alçar Chico Leite ao posto de candidato.
Oriundo da carreira de procurador da justiça, Leite seria o quadro ideal, já que nas pesquisas com eleitores do DF, seu nome era forte. Agregado a força popular do parlamentar, existia o próprio posicionamento de Reguffe. Ele chegou a comentar para aliados próximos que não disputaria o Senado se o Chico Leite fosse o postulante no PT.
Porém, o descarte da candidatura de Chico Leite foi pessoalmente organizado por Agnelo, o presidente regional do PT, Roberto Policarpo e o distrital Chico Vigilante, o testa de ferro de Agnelo na Câmara Legislativa. O tiro foi certeiro no pé.
Esse cenário apenas se repete no PT. Para desespero dos militantes vermelhos. Nas prévias da sigla para a eleição de 2010, Magela disputava com Agnelo Queiroz a vaga de candidato ao governo do DF. Em outubro daquele ano, Agnelo venceu apenas no segundo turno e contra a Weslian Roriz, que nunca tinha disputado um cargo eletivo na vida.
Meses mais tarde, pesquisas já apontavam a frustação dos eleitores em relação à Agnelo, fora as várias denuncias de corrupção e o depoimento dele na CPI do Cachoeira. À época, quando Magela era questionado nos bastidores sobre o desempenho de seu colega no GDF, não emitia palavra alguma, mas esboçava sorriso de satisfação que mais significava: “Tá vendo?”.
No final das contas, o PT deve apenas ficar com o mais do mesmo na Câmara Legislativa e na Câmara Federal. Por costuras traiçoeiras, a legenda vai perder força no DF e voltar ao seu lugar de origem: a oposição.
Elton Santos