A política é um teatro. Na maioria das vezes apresenta espetáculos do mal, outras raras vezes, do bem. Nesse teatro lacunar, vislumbramos absurdos que seriam cômicos se já não os fossem trágicos. Falo dos projetos de lei que instituem uma pseudo escola sem partido, um programa fascista forjado nos gabinetes de vários parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal – CLDF.
Digo vários, porque começou com um parlamentar e depois, esse projeto passou a ser assinado por outros nove deputados, além de ter tido emendas substitutivas e outros penduricalhos apensados a essa barbaridade. Onde já se viu isso?!
Só num picadeiro de horrores mesmo. Tipo aquele da audiência pública ocorrida no dia 25 de maio de 2015, às dezenove horas no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, e que teve cenas de horror e abusos, por parte de nobre excelência e seguranças, contra cidadãos-contribuintes.
É peculiar a alguns parlamentares a incoerência entre o discurso e a prática. Não vou nomear esse ou aquele parlamentar, mas indicar a leitura dos projetos de lei apresentados por aqueles que são responsáveis pela defesa da importância do pluralismo de ideias e valores, mas não se dão conta de sua contradição lógica seguida de uma incoerência quando apresentam projetos e justificativas descomedidas, isoladas e de uma nota só.
No mínimo lhes faltam assessoria e desconexão com a prioridade do povo. Não é uma escola sem partido que fará calar a boca dos corruptos, dos caolhos e dos profetas iluminados. Muitos deputados se julgam assim, até se acham iluminados –, consideram a Constituição da Republica Brasileira, a Lei Orgânica do Distrito Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de pouco valor social, ético, moral. Simplesmente, esses iluminados, rasgam-nas. Literalmente.
Paras os deputados-autores dos PL’s números 01/2015 e seu substitutivo, 53/2015, além de tantas outras produções do gênero; a música de Leci Brandão – Anjos da guarda – deveria ser ouvida como um hino o trecho que pode fazer a diferença em seus discursos e seus meteóricos mandatos: “Na sala de aula é que forma um cidadão. Na sala de aula que se muda uma nação. Na sala de aula não há idade, nem cor, por isso aceite e respeite o professor…”. E, acrescento, a Lei Maior, também!
Alguns deputados distritais talvez não saibam a diferença entre evangelizar e educar. Garanto-lhes que não é anacrônico o processo de educação. Diferente dos projetos destes, apresentados e que estão em análise – ou já foram analisados (?) pela Comissão de Educação na CLDF.
O projeto de lei que “institui no âmbito do Distrito Federal, o programa escola sem partido” e seus outros penduricalhos apensados, é anacrônico. Revela uma atitude extemporânea: de lógica falsa tanto no que diz respeito à neutralidade pretensa da educação (educar é sim, tomar partido – não é neutralidade ou conformação.); quanto ao político-social e científico.
Se as excelências da CLDF não possuem problemas para se preocuparem, deixo aqui uma assessoria gratuita: as vozes das ruas querem que eles se posicionem sobre a violência contra a mulher, violência de gênero, violência contra populações negras, indígenas, ciganas, homossexuais e crianças.
Excelências! Apresentem leis que coíbam o tráfico de drogas e de pessoas; o desemprego; a fome e a desigualdade social, a falta de inclusão. Dividam o bolo de suas benesses por igual na sociedade.
Seriam vossas excelências, neutras?! Ou mais do que isso, seriam, omissos/as?! Parece que não! A prova disso foi uma reunião na sede do poder executivo candango onde, as excelências presentes, se viram “pegos com a boca na botija”, devido ao vazamento de áudios onde pediam o FATIAMENTO DO BOLO por igual!
Verdadeiro teatro do absurdo, da imoralidade e da falta de ética! Rasgam novamente Cartas Magnas, da nação e do Distrito Federal.
Aquelas excelências, não diferente destas, praticam o decoro parlamentar, envergonham eleitores e escarram atitudes nefastas à cidadania e querem empurrar isso nas escolas públicas do DF?! Diga não a essa aberração que é o projeto de lei que quer instituir no DF, o “Programa Escola Sem Partido”!
Máscaras caem no picadeiro do teatro do absurdo.
João Moura