O público que compareceu ao Green Move Festival deste ano encontrou, no espaço BSB Verde, maneiras de aproveitar novidades sustentáveis e orgânicas, e ao mesmo tempo mais uma forma de assistir gratuitamente aos shows do evento. Novidade desta quarta edição do festival, a tenda foi a principal atração da tarde deste sábado na Esplanada dos Ministérios para as pessoas que chegaram cedo ao local.
Por causa da greve dos servidores do Governo do Distrito Federal, foi cancelado o show da Orquestra Sinfônica Nacional, mas as apresentações de Nando Reis, Jota Quest e Titãs foram confirmadas pelos organizadores.
Para a produtora do Bsb Verde Natália Sjobon, a oferta de produtos orgânicos e de artesanatos feitos com material reciclável é uma forma de incentivar a substituição de bens industrializados e a prática de comercialização com pequenos produtores. O autônomo Josué Camargo concorda. Ele diz que a feira é uma forma de divulgação das flores e frutos que produz e uma oportunidade interessante de vendas.
Ao lado de outras banquinhas que vendiam mercadorias como luminárias, feitas com canos de PVC, e camisetas enfeitadas com tecidos de garrafas PET, ele fazia votos de que a parceria com o Bsb Verde e outros eventos dos quais participa externamente aconteçam com mais frequência.
“No final das contas, acaba sendo bom demais para a gente, porque mostra a nossa produção, que é um negócio bem restrito, em termos de divulgação, e a gente acaba vendendo. Inclusive, deveria ter mais vezes”, disse o produtor.
O servidor público Éttore Nóbrega já conhecia o Green Move Festival e aprovou a novidade da feirinha. Ele e a irmã levaram carregadores de celulares e um notebook que não estava funcionando para trocar por ingressos dos shows. Para ele, o festival é um momento de fazer com que as pessoas reflitam sobre o cuidado com o meio ambiente. “Eu acho interessante, porque chama a atenção para a questão de se reaproveitar. Muita coisa que poderia jogar fora, a gente acaba reaproveitando. Outras pessoas podem utilizar alguma coisa que está boa ainda”, disse ele.
Junto com duas irmãs, Josué produz flores em sua propriedade no Riacho Fundo, cidade administrativa do Distrito Federal. Como a renda da comercialização de flores de jardins e plantas suculentas não passa de R$ 1 mil por ano, Josué não pode deixar de trabalhar fora, mas sonha com o dia em que poderá ser considerado agricultor familiar. Segundo ele, produzir não é difícil. O difícil é vender. “A gente precisa de incentivo e motivação para continuar produzindo”, conta.
Desde o festival ocorre no gramado central da Esplanada dos Ministérios, com atividades como oficinas de hortas, estandes de energia solar e troca de eletrônicos, materiais recicláveis e móveis em bom estado de conservação.
Para a produtora Natália Sjobon, o evento objetiva conscientizar a população e estimular para que pessoas tenham “maior consciência sobre a sustentabilidade com inúmeras maneiras que podem fazer no dia a dia para cooperar com a ecologia”.
Apesar de notar avanços desde a primeira edição do festival, ela reconhece que o Green Move Festival ainda “está engatinhando”. Este ano o tema é Aquecimento Global, diz ela, “mas a gente percebe que ainda falta bastante para que as pessoas participem, se locomovam de casa para participar das oficinas, e não vir somente para os shows que é o estímulo”.
Paulo Victor Chagas – ABr