A história da cultura brasiliense é indissociável do Espaço Cultural Renato Russo. Desde sua criação, ainda como Teatro Galpão, o equipamento localizado no coração da W3 Sul — um dos endereços mais nobres nos primeiros anos da capital — foi palco para importantes nomes nascidos aqui. Entre tantos, é possível mencionar Cássia Eller, Hugo Rodas, Alexandre Ribondi e o próprio Renato Russo, que hoje dá nome ao local.
Era de se esperar, portanto, que os 50 anos do espaço fossem comemorados com grande festa. Desta sexta-feira (9) até o outro domingo (18), o local recebe uma extensa programação que promoverá o encontro de artistas consagrados e de novos talentos, contemplando diferentes segmentos artísticos, como teatro, música, cinema, dança e artes visuais.
“Nós planejamos uma programação à altura da importância que tem o complexo. São muitos eventos de várias linguagens artísticas, todos os eventos são gratuitos exatamente porque o Espaço Cultural Renato Russo é um espaço interdisciplinar, ele é transversal, caminha por todas as linguagens artísticas. Então, a gente quis que as comemorações também seguissem nessa linha. Ou seja, atraíssem todo tipo de público, de todas as idades, de todos os lugares do DF, já que aqui é um lugar central. Para nós, isso é muito importante”, destacou Felipe Ramón, subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
“Meu começo na música foi aqui e hoje estou podendo contribuir para a organização que um espaço que, coletivamente, pode trazer momentos de alegria e de conhecimento para muitas pessoas”, diz a aposentada e arteterapeuta Patrícia Beutel
Inaugurado em 1974 como Teatro Galpão — em alusão à função anterior do local, que era um depósito —, o complexo foi ganhando novas salas ao longo do tempo e passou a se chamar Espaço Cultural 508 Sul. Em 1999, em meio às comemorações pelos 25 anos, recebeu o nome do ex-vocalista da Legião Urbana.
Entre os destaques da programação de 50 anos, estão um concerto da Orquestra Filarmônica de Brasília, às 20h desta sexta; a abertura da Mostra de Cinema Olhares sobre Brasília, às 18h de sábado (10); o concerto Palhaçaria para bebês, às 11h do domingo (11); performances de dança na segunda (12) a sexta-feira (16), sempre às 18h40; show com Philippe Seabra e Distintos Filhos a partir das 20h30 do sábado (17); e, no encerramento, a partir das 18h de domingo (18), o Baile 50 Anos, com Ricardo Lira e Célia Rabelo e banda.
Além das apresentações, como parte da comemorações pelo cinquentenário, o Espaço Cultural também ganhou uma Musiteca, batizada com o nome do músico, compositor e professor da Universidade de Brasília (UnB) Clodo Ferreira, que morreu em julho deste ano. A nova área se somará, em acervo e homenagens, à gibiteca TT Catalão — terceira maior do país) — e ao Teatro Galpão Hugo Rodas.
“O Espaço Cultural é multidisciplinar, mas ele traz em seu nome uma homenagem muito importante que é ao Renato Russo. A vocação para a música está no DNA do espaço e a gente sentia falta de que esse arquivo musical pudesse ser disponibilizado também para o público. Então, nós estamos criando aqui a Musiteca, em homenagem também ao Clodo, que foi um grande artista, um ‘operário’ da cultura do DF”, apontou o subsecretário.
Atenta à programação dos 50 anos, a aposentada e arteterapeuta Patrícia Beutel foi uma das responsáveis pela organização da Musiteca. Uma forma, segundo ela, de contribuir com o Espaço Cultural, com o qual guarda uma ligação afetiva.
“Frequentei muito aqui na minha adolescência, porque eu sou flautista e toquei em muitas peças de teatro e em shows aqui no Galpão e no Galpãozinho. Atualmente, sou voluntária e ajudei a organizar o acervo junto com os bibliotecários”, contou. “Vivi muitas coisas legais, meu começo na música foi aqui e hoje estou podendo contribuir para a organização que um espaço que, coletivamente, pode trazer momentos de alegria e de conhecimento para muitas pessoas”, arrematou.