O garoto escrevia
Escrevia e escrevia,
O que sabia e o que não sabia.
Escrevia, escrevia
Noite e dia, escrevia, escrevia.
Há muitos dias, escrevia, escrevia.
Não parava de escrever.
Quase não dormia.
Pensava no outro dia.
Pouco sorria,
O que escrevia pesava no seu coração.
O que escrevia o tal garoto?
Um diário, assim dizia ele.
O dia era passado para o papel.
Suava, tremia e escrevia.
No cair do dia, sua mãe apareceu
No portal da porta da rua, gritou ela:
— O que tanto você escreve aí?
O garoto contrariado parava de escrever.
— Mãe, estou contando a minha vida!
— O que tem para contar um garoto de 13 anos?
— As minhas coisas, respondia.
— O Paulo, a Sheila e o Adalberto estão lá na rua.
— Vou chamar o Beto para te levar lá na roda deles.
— Não, mãe! Não mãe! Agora não!
— Tenho muito o que contar.
— Sobre o que você escreve aí já faz 6 horas?
— Da festa da Mariana, da rua do Mercado.
— Quando foi a tal festa?
— No sábado, todos foram menos eu.
— O que você tem para contar se lá você não foi?
— A turma me contou e fiquei sabendo dos detalhes!
— Qual é a graça disso: de escrever algo do que não se sabe?
— Mãe, no espelho quebrado tem muitas imagens e nem todas são verdadeiras!