“Todos os projetos musicais e artísticos que abordem a vida e obra de Heitor Villa-Lobos são extremamente bem-vindos. Para os músicos da nova geração é a maneira de identificarem e estabelecerem contato não só acadêmico, mas étnico e espiritual com conteúdos da melhor música brasileira. Já com o público em geral, mesmo com a avalanche de informação que todos recebemos nos dias de hoje, especialmente através das mídias digitais, devemos considerar que a obra do VILLA, assim como tantas outras preciosidades da música brasileira e mundial, não chega sozinha às casas de milhões de brasileiros.”
Essas palavras do Maestro Gil Jardim, resumem a importância de projetos que celebram ou apresentam aos diferentes públicos, a obra de Heitor Villa-Lobos. E nesse sentido, o espetáculo Voos de Villa – Impressões Rápidas sobre todo o Brasil, será apresentado no Teatro Riachuelo, no dia 4 de junho, terça-feira, após curtíssima temporada de estreia em São Paulo (Teatro dos Bravos), abrindo turnê nacional. Concebido para oferecer uma escuta renovada da música de Heitor Villa-Lobos, o concerto foi desenhado pelo maestro Gil Jardim com a parceria da designer de palco Anna Turra. Uma experiência multimídia, que explora as inúmeras formas de expressar a brasilidade que a obra de nosso maior compositor oferece. Após a capital fluminense, a turnê segue para Brasília (11/6) e Belo Horizonte (13/6), com o patrocínio da CCR, através do Ministério da Cultura.
O subtítulo do espetáculo “Impressões rápidas sobre todo o Brasil” é o subtítulo do “Noneto” de Villa-Lobos, obra executada no concerto que Villa fez na capital francesa em 30 de maio de 1924, em sua primeira viagem à capital francesa e que está presente no CD “Villa-Lobos em Paris”, de 2006, dirigido por Gil Jardim. O subtítulo marca o espírito com que o espetáculo foi desenvolvido e propicia conexões com o Brasil dos dias de hoje. “A ideia é devolver à terra, à natureza, as sementes colhidas por Villa-Lobos na elaboração de sua produção, realizando conexões com a plural música brasileira produzida a partir de sua criação”, diz Gil Jardim. E acrescenta: “A narrativa do espetáculo acontece num fluxo contínuo de música, luz e imagens ‘experimentando e percebendo lugares do Brasil’, dos diferentes sertões ao rio São Francisco, da senzala ao urbano, o indivíduo e o coletivo, revelando teias criativas que se expandem a partir dos estímulos de Villa.”
Criado em 2019, Voos de Villa, com repertório formado integralmente por obras de Villa-Lobos, teve sua trajetória interrompida pela pandemia do Covid-19. Na versão de 2024, Gil Jardim incorpora canções de compositores da música popular brasileira influenciados por Villa, e que serão interpretadas pela jovem e talentosa Luiza Lacerda. “Senti a necessidade de fazer com que sua música cada vez mais se misturasse à produção da música brasileira viva do dia a dia. E fazê-la viva é se relacionar com ela de forma criativa, rompendo com a postura de higiene necrófila com que muitas vezes nos deparamos”, comenta Gil. No repertório, além das peças de Villa, estão canções como Passaredo (Chico Buarque), Rio Amazonas (Dori Caymmi), Canção Desnecessária (Guinga), Rosa (Pixinguinha), entre outras.
Nessa edição, a multiartista Juuar se junta ao time na direção cênica. André Magalhães responde pelo projeto sonoro. O grupo instrumental que conta com expoentes da música sinfônica no Brasil recebe o nome de Villa Brasil Ensemble, com 19 músicos. Esse grupo produzirá um Villa-Lobos mais íntimo, camerístico, com muito versatilidade, uma vez que vários dos integrantes tocarão diversos instrumentos. para contar histórias do Villa, do Milton, do Dori, do Chico, do Pixinguinha…
Villa-Lobos é presença constante na carreira de Gil Jardim, que produziu o livro O estilo antropofágico de Heitor Villa-Lobos e gravações relevantes da obra do compositor – premiadas com o Diapason d’Ór na primeira edição da revista francesa no Brasil e o Prime de Cultura da revista Bravo, ambos em 2006. Voos de Villa revela impressões inéditas e novas possibilidades de se ouvir e apreciar a teia criativa villalobiana através de obras sinfônicas vertidas surpreendentemente em formado camerístico. Gil Jardim trabalhou na redução do Uirapuru e das Bachianas Brasileiras nº 4 – obras de orquestração densa – para um grupo instrumental de 16 músicos, constituído por um instrumento de cada naipe de uma orquestra sinfônica moderna. Dois consagrados percussionistas da música instrumental brasileira, Paulo Santos, fundador do grupo Uaktí e Ari Colares ampliam a ambiência sonora do espetáculo. Lello Bezzera colabora com programações eletrônicas.