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Esquema de Cabral rendeu propina de meio bilhão de reais

Foto: Arquivo Notibras

O juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, ouviu nesta segunda (11) cinco acusados de participar da suposta organização criminosa instalada durante os governos de Sérgio Cabral. Apontado como operador financeiro do grupo, o ex-assessor Carlos Miranda afirmou em depoimento que a propina era paga de acordo com o faturamento nas obras públicas e que o esquema de Cabral recebeu em torno de R$ 500 milhões, a maior parte encaminhada para o exterior.

Miranda admitiu controlar todas as contas do ex-governador, inclusive as pessoais, desde a década de 1990. Segundo ele, o dinheiro pago pelos empresários também entrava no financiamento de campanhas políticas de aliados de Cabral. Somente a Carioca Engenharia, de acordo com Miranda, repassou cerca de R$ 30 milhões para a organização.

Como operador do esquema, Miranda reconheceu receber R$ 150 mil por mês e disse que ex-secretários do governo Cabral Wilson Carlos e Régis Fichtner recebiam o mesmo valor.

Também ouvido nesta segunda, o sócio da construtora Carioca Engenharia Ricardo Pernambuco confirmou que a propina paga pela empresa para a organização liderada por Cabral aumentou de R$ 200 mil para R$ 500 mil por mês com a obra da Linha 4 do metrô.

Para o procurador da República Sérgio Pinel, os depoimentos desta segunda-feira confirmam o funcionamento da organização criminosa chefiada pelo ex-governador. “Funcionou por um longo período uma organização criminosa aqui no Rio de Janeiro. Uma das empreiteiras pagou propina, não só para o ex-governador mas também para outros agentes públicos. A realização dessas obras acabou sendo escolhida pelo governo do estado unicamente pelo interesse em receber propinas”.

O ex-subsecretário de Transportes Luis Carlos Velloso, o ex-diretor da Riotrilhos, Heitor Lopes de Souza Junior, e o operador financeiro Luiz Carlos Bezerra também detalharam o esquema de pagamento de propina por parte de empresários a agentes públicos ligados a Cabral. Além da Linha 4 do metrô, a Carioca Engenharia também foi responsável por obras no Maracanã, o Arco Metropolitano e o PAC das Favelas.

A defesa de Cabral negou a acusação feita por Miranda e criticou o mecanismo de delação premiada. “Os inúmeros defeitos da norma que rege a delação premiada no Brasil acabaram dando azo a uma verdadeira indústria de delatores, não apenas no caso do ex-governador, mas em todo o país. No caso de Sérgio Cabral, não há uma só pessoa que tenha prestado declarações favoráveis à acusação que não tenha obtido ou espere obter algum benefício processual. Cada qual tem como preocupação exclusiva o tamanho da pena que vai lhe caber. A última coisa que passa nas cabeças dessas pessoas é a verdade ou a Justiça. O senhor Carlos Miranda é apenas mais um exemplo dessa prática nefasta”, afirmou o advogado Rodrigo Roca.

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