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Esquema político na Petrobras joga mar de lama na sucessão

Um megaesquema de corrupção dentro da Petrobras denunciado por um dos seus ex-diretores, Paulo Roberto Costa, provocou grande agitação no  cenário da sucessão presidencial, faltando poucos dias para as eleições (5 de outubro). Esse escândalo é algo parecido com o esquema do mensalão do PT, cujo processo acabou com o Supremo Tribunal Federal mandando para cadeia 19 dos 25 réus nele envolvidos.

O ex-diretor Pedro Roberto Costa, que está preso há meses no Paraná, por seu envolvimento na operação Lava- à Jato, revelou  à Policia Federal e ao Ministério Público, como parte do seu acordo de delação premiada, a existência de uma “sofisticada organização criminosa que agia dentro da principal estatal brasileira”.

Segundo a revista VEJA desta semana, que trouxe a publico esse escândalo, são beneficiários das maracutais os ministros das Minas e Energia, senador Edson Lobão; seis senadores, entre eles o presidente Renan Calheiros; 25 deputados federais, entre eles o presidente Eduardo Alves; os governadores Sergio Cabral (Rio de Janeiro), Roseana Sarney (Maranhão) e Eduardo Campos (Pernambuco), e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que coordenava os recursos destinados ao seu partido.

A organização criminosa, segundo a VEJA, superfaturava licitações da Petrobras e desviava recursos para um caixa que financiava campanhas de políticos da base de apoio do governo no Congresso Nacional. Corre entre os políticos a informação de que a “delação premiada” do ex-diretor Paulo Roberto Costa é mais contundente do que se imaginava. As revelações seriam fundamentadas em provas materiais, como extratos bancários, contratos, ligações telefônicas gravadas que comprometeriam todos os suspeitos de receberem propina.

A organização criminosa agia há alguns anos, durante os governos do então presidente Lula e da presidente Dilma. Conforme a Policia Federal, o esquema criminoso movimentou recursos que superam R$ 10 bilhões.

As revelações da VEJA provocaram uma grande agitação no cenário político- eleitoral. Os três principais candidatos presidenciáveis – Dilma, Marina e Aécio- mais a própria Diretoria da Petrobras e as duas CPIS instaladas no Congresso Nacional para investigação de denúncias contra a Petrobras, procuraram, por caminhos diversos, acesso ao depoimento de mais de 40 horas do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Mas tudo em vão, pelo menos oficialmente. É que o caso corre em segredo de Justiça.

A presidente Dilma afirmou que não tinha a menor ideia “ de que havia um esquema criminoso na Petrobrás e defendeu apuração rigorosa “ Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, posso garantir que todas as sangrias que eventualmente pudessem existir estão estancadas”- disse Dilma. Ela repetiu o gesto do então presidente Lula ao afirmar que não sabia e foi traído no caso do mensalão   do PT.

Marina Silva, por seu lado, ao comentar o esquema delatado pelo ex-diretor da Petrobrás, afirmou que foi o atual governo “ quem manteve toda essa quadrilha na estatal’’.

Aécio Neves atacou: “ Dilma tinha obrigação de saber aquilo que acontecia no seu entorno”, já que ela teve a Petrobras sob o seu controle quando ministra das Minas e Energia, chefe da Casa Civil do governo Lula, presidente do Conselho de Administração da Petrobras e, finalmente, presidente da República.

A Polícia Federal instaurou inquérito para apuração do suposto vazamento das informações prestadas por Paulo Roberto Costa, que depôs em sigilo aos investigadores.

A decisão final sobre a validade da delação premiada para o ex-diretor da Petrobrás caberá ao Supremo Tribunal Federal.

Cláudio Coletti

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