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Esquerda decide que 1º turno das eleições terá cada um por si

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Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo

Os presidentes do PT, PDT, PSB e PCdoB se reuniram esta semana em Brasília para negociar uma “agenda mínima” com o objetivo de reconstruir o campo político de esquerda. Na próxima terça-feira, eles voltam a se encontrar, desta vez com a presença de dirigentes do PSOL.

Por ora, não há no horizonte a pretensão de lançar uma chapa única ao Palácio do Planalto para a eleição de 2018, até porque PT, PDT e PCdoB já apresentaram pré-candidatos. Mas os dirigentes admitem que o realinhamento pode levar a um entendimento no segundo turno. Além de encontrar pontos de convergência programática, o objetivo da reaproximação é articular alianças nos Estados.

Na reunião, organizada pelas fundações dos quatro partidos, serão discutidas bases para um programa “para o País” que poderá ser usado por qualquer candidato. “Este primeiro seminário vai discutir as bases mínimas para a construção de um programa comum para o País”, afirmou o presidente da Fundação Perseu Abramo (PT), Marcio Pochmann.

O primeiro resultado prático da aproximação foi uma nota conjunta sobre o parlamentarismo divulgada na semana passada que aponta “estímulo” da gestão Michel Temer a uma ação no Supremo Tribunal Federal que pode abrir uma brecha para a adoção desse sistema de governo sem a necessidade de uma consulta popular. Segundo os partidos, a manobra seria um “golpe” que tem como objetivo impedir que o presidente a ser eleito em 2018 assuma de fato o governo.

Origens – Depois de romper com o governo Dilma Rousseff em 2013, apoiar o movimento pelo impeachment da então presidente petista e participar do primeiro escalão da gestão Michel Temer, o PSB voltou a dialogar com o PT e demais forças da esquerda.

A cúpula pessebista reuniu-se recentemente com a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e os deputados Carlos Zarattini, líder do partido na Câmara, e Paulo Teixeira, um dos vice-presidentes petistas.

O encontro selou a reaproximação. Os pessebistas apresentaram um mapa de candidaturas estaduais que consideram prioritárias para as eleições de 2018: Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Espírito Santo, Paraíba e Distrito Federal.

O PT então sinalizou que pode haver permutas de alianças. “O encontro foi bom para abrir um ambiente de conversação”, disse Zarattini.

O passo seguinte foi reunir os presidentes dos quatro partidos. O encontro ocorreu no apartamento do líder do PDT na Câmara, Weverton Rocha (MA). Segundo participantes, não se falou em candidatura única, mas em buscar convergências de discurso e programa.

“Não acredito em frente única de esquerda no primeiro turno em 2018, mas essa aproximação é importante para produzir uma convergência no segundo turno. Essa eleição de 2018 será parecida com a de 1989. Como estamos vivendo o final de um ciclo, a tendência é de que haja uma pulverização de candidaturas”, disse o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Sobre o PSB, Orlando afirmou que vê um “reposicionamento” do partido no cenário político. “O PSB está em um processo de reaproximação com o campo de esquerda.”

As conversas entre os partidos também visam, segundo o deputado do PCdoB, a ter uma pauta única de um campo político, mesmo sem uma candidatura única. “Isso vai delimitar o campo com as forças conservadoras que tentam se lançar.”

O presidente do PDT, Carlos Lupi, foi na mesma linha. O partido não pretende abandonar a pré-candidatura do ex-ministro Ciro Gomes à Presidência, mas também admite a possibilidade de aliança na segunda etapa. “No segundo turno, sim. No primeiro é impossível.”

Segundo Lupi, neste momento é importante que cada partido respeite o projeto do outro. “A gente tem de conversar pontos em comum respeitando os projetos próprios”, afirmou.

Convergência – Entre os pontos de convergência estão a oposição às reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo governo Michel Temer, combate à censura e garantia de direitos civis para minorias.

O PSOL, que quer lançar o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, como candidato ao Planalto, participa das reuniões na condição de convidado. “Sempre vamos aceitar convites para dialogar com as demais forças, mas não achamos que sejam possíveis acordos eleitorais”, disse o presidente da Fundação Lauro Campos (PSOL), Juliano Medeiros.

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