Isadora Peron
Em um vídeo gravado em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) chamou o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar de “vagabundo” e disse que o seu nome foi citado pelo delator como uma retaliação por ele ter denunciado a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a empreiteira.
O parlamentar afirmou que foi até o Supremo para protocolar requerimentos abrindo mão do foro privilegiado e colocando à disposição a quebra do seu sigilo fiscal, bancário e telefônico. “Estou aqui para mostrar que nós vamos continuar de cabeça erguida, de mãos limpas, esse foi o jeito que eu escolhi de fazer política, e ninguém, nenhum vagabundo tipo o Alexandrino, vai inventar mentira sobre a minha vida pública”, disse.
Alexandrino foi o responsável por afirmar que a empreiteira doou, via caixa 2, R$ 175 mil para campanha de Lorenzoni a deputado federal em 2006. O parlamentar será investigado em um dos inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
“Eu fiquei pensando, por que o meu nome apareceu agora? Sabe por quê? Porque eu fui o primeiro parlamentar a dizer que o Lula era traficante de influência na América Latina, na África a favor da empreiteira”, disse.
Segundo o democrata, Alexandrino o acusou em seu depoimento à Procuradoria-Geral da República porque ele convocou o empreiteiro a dar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em 2015. “Isso não é uma empresa, é uma quadrilha, uma máfia. E eu estava batendo de frente com o Lula e com o pajem de Lula, porque o Alexandrino era pajem de Lula, ele que ia no aviãozinho para a África”, disse.
Segundo o ex-executivo da Odebrecht, ao ser procurado, em 2006, o deputado gaúcho não demonstrou nenhuma “rejeição” em receber os R$ 175 mil via caixa 2, isto é, sem declarar a doação à Justiça Eleitoral. A operação foi registrada no sistema de informática “Drousys”, que controlava as transações do “banco da propina” da Odebrecht.
No ano passado, Lorenzoni ganhou destaque por ser o relator do projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção elaborado pelo Ministério Público Federal. Em seu relatório, ele manteve a proposta de criminalizar a prática de caixa 2, mas reduziu as penas.