Uma das principais entidades do Candomblé e na Umbanda, Oxóssi é o orixá da caça, da mata e dos animais. Está relacionado com a fartura de alimentos, da provisão das refeições. Sua ligação com a natureza é intrínseca, pois ele sabe usá-la com maestria e está em perfeita sintonia com o meio ambiente. É ele que equilibra o ecossistema. Oxóssi é o defensor daqueles que se empenham em sustentar a si e sua família.
Oxóssi é representado usando o ofá (arco e flecha), e, por sua exímia habilidade na caça, é conhecido como “o caçador de uma flecha só”. Está ligado à Lua, pois é na noite que encontra o melhor momento para a caça. As cores de Oxóssi são o verde, o azul e o azul-turquesa – que representam basicamente a natureza (rios e mata).
Dia dedicado a Oxóssi
O dia da semana dedicado ao orixá é quinta-feira. Já no ano, o Dia de Oxóssi é celebrado em 20 de janeiro – mesmo dia em que se celebra São Sebastião, com o qual Oxóssi é sincretizado.
Nos dias em sua homenagem, são feitas oferendas em busca de fartura. Não raro, por esse motivo, são feitos pedidos para solucionar questões sobre trabalho e desemprego, para garantir o “pão de cada dia”. A saudação a Oxóssi é “Okê arô!” e significa algo como “Salve o Rei”, “Salve o Grande Caçador”.
Características
Os filhos de Oxóssi são considerados pessoas comunicativas e afáveis. Fazendo jus às características desse orixá caçador, seus filhos adoram a noite, principalmente para sair e se divertir. São pessoas guerreiras, sua energia flui para a consecução de seus objetivos, e para tal não medem esforços. Dificilmente se deixam abater. Embora sejam pessoas agradáveis, quando estão sob o efeito da raiva desmedida, sabem usar as palavras para ferir os outros.
Entre outras coisas, o que pode atiçar essa raiva é a traição, pois, como são zelosos e dedicados nos relacionamentos, não admitem esse comportamento, pois prezam pela fidelidade, seja no amor ou na amizade (embora não sejam demasiado ciumentos). E isso pode ser um fator para que se perca de vez a amizade deles – pois odeiam ser enganados. Portanto, pense duas vezes e leve a sério qualquer relação com um filho de Oxóssi, pois ele não é dado a aventuras, preza o lar e a família.
De uma forma geral, são pessoas que sempre olham para frente, não se prendem por muito tempo a um único assunto, têm múltiplos interesses, são adorados pelas crianças, mas não são exímios disciplinadores. São, na maioria das vezes, pessoas alegres e que transmitem boas energias.
História de Oxóssi e Oxum
Conta a lenda que, sempre que ia caçar, Oxóssi ia se refrescar na beira do rio, e sempre era avistado por Oxum, que se encantava por sua beleza. Como Oxum era uma mulher do rio, dificilmente ela atrairia a atenção de Oxóssi, que preferia as mulheres da mata.
Para que Oxóssi se apaixonasse, Oxum foi aconselhada a tomar banho de mel e jogar folhas sobre seu corpo. Quando Oxóssi se aproximou do rio, deparou-se com uma linda mulher, por quem se encantou. Os dois tiveram um longo romance. No entanto, a farsa de Oxum foi descoberta, e Oxóssi resolveu ir embora. Foi quando ela lhe disse estar grávida, e então ambos fizeram um acordo, em que a criança passaria seis meses nos rios com Oxum e seis meses na mata com Oxóssi.
Já uma outra história conta que Oxum e Oxóssi se apaixonaram assim que se viram. Mas o pai dela, Oxalá, dificilmente permitiria a união. Assim, a orixá teve a ideia de disfarçar Oxóssi, vestindo-o de mulher, para que ele pudesse entrar no palácio. Mas a farsa não durou, e Oxalá expulsou Oxóssi do palácio, condenando-o a ser bissexual, já que ele passou um bom tempo vestido de mulher.
Seja qual for a história, dessa união nasceu Logun Edé, que se tornou o príncipe dos orixás. Unindo mata e rios, o caçador e pescador Logun Edé é o mais bonito e rico de todos os orixás.
Oração a Oxóssi
Para finalizar, uma oração ao pai Oxóssi, um pedido de força, superação e justiça:
“Meu pai Oxóssi! Vós que recebestes de Oxalá o domínio das matas, de onde tiramos o oxigênio necessário à manutenção de nossas vidas durante a passagem terrena, inundai os nossos organismos com a vossa energia, para curar de nossos males! Vós que sois o protetor dos caboclos, dai-lhes a vossa força, para que possam nos transmitir toda a pujança, a coragem necessária para suportarmos as dificuldades a serem superadas! Dai-nos paz de espírito, a sabedoria para que possamos compreender a perdoar aqueles que procuram nossos centros, nossos guias, nossos protetores, apenas por simples curiosidade, sem trazerem dentro de si um mínimo da fé. Dai-nos paciência para suportarmos aqueles que se julgam os únicos com problemas e desejam merecer das entidades todo o tempo e atenção possível, esquecendo-se de outros irmãos mais necessitados! Dai-nos tranquilidade para superarmos todas as ingratidões, todas as calúnias! Dai-nos coragem para transmitir uma palavra de alento e conforto àqueles que sofrem de enfermidades para quais, na matéria, não há cura! Dai-nos força para repelir aqueles que desejam vinganças e querem a todo custo magoar seus semelhantes! Oke arô, Oxóssi!”