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Está na hora de limpar latrinas dos Três Poderes

A partir do Século XVI a humanidade passa a conviver com a latrina. Ou mictório, privada, trono, não importa, a função até hoje é a mesma: a dispensa de dejetos humanos. Diretos da fonte, claro. Em uma analogia que precisa cheirar mal para ser verídica, respeitando os modernos franceses que estabeleceram que os sanitários públicos deveriam, a partir do Século XVIII, preservar a individualidade e a separação de gêneros, quando ainda eram coletivos, onde homens e mulheres, uns ao lado de outros, sentavam nas praças para uma prosa e satisfação física inenarrável nas ruas, envolvidos pelo perfume das flatulências em grupo.

Paris, o centro da vanguarda, deu um passo atrás naquilo que hoje seria a modernidade, segundo os adoradores do PT que fazem necessidades em público até hoje, inclusive na porta de igrejas, e contrariou a esquerda ao estabelecer que cada cidadão deveria ter seu trono individual, com homens e mulheres separados nessas ocasiões de íntima necessidade. Tá cheirando mal? Chegamos ao Século XX e o Brasil inaugura, em 1960, uma praça e um conceito revolucionário com a mesma finalidade: receber os dejetos nacionais. Um privadão! Aliás, três. Modernos, diga-se, para centenas de usuários.

O espaço é público, pago pelos contribuintes. Um luxo. Aliás, acabou por não ser tão público. É necessário crachá para sentar naquele perímetro e fazer as necessidades mais primitivas. Como na França, quando só os nobres poderiam frequentar os assentos. Toda a introdução histórica tem uma única finalidade: alertar para um espaço tombado onde existem três privadões modernos, verdadeiros palácios, sem descarga. Projetados pelo ilustre comunista-capitalista-dépassé, Oscar Niemeyer.

Dois deles podem ser acionados apertando um simples botão. Um terceiro, não. Este é o menor deles, mas é a instalação – que deveria ser sanitária – mais infestada de bactérias, seu odor abrange todo o território nacional. E a descarga parece entupida. Sempre. Aquela latrina parece minimalista, mas é fractal, não se iluda. Todos os podres estão ali depositados e não há descarga. A contaminação é generalizada. Todos os dias aqueles ocupantes sentam e despejam as piores excrescências de seu metabolismo coletivo cerebral podre. São sobrenaturais, capazes de prender o intestino dos outros, mas não os seus próprios. Sofrem da maldita diarreia que vem para o esgoto regada com lagosta e vinho do bom. Pago por nós, que apenas sentimos o cheiro fétido. A prisão de ventre e outras inconstitucionais ficam reservadas aos inimigos.

Uma das nobres latrinas projetadas pelo ilustre Niemeyer precisa ser interditada, está transbordando, vazando pelo ladrão, sem trocadilhos alfacinhas. Lá na terrinha os dejetos de alguns beiçudos são bem verdinhos, por sinal. No futuro saberemos de tudo. No momento em que urge um sistema para preservar o conceito corrupto, totalitário, ditatorial, que enfrenta uma democracia autêntica, é bom reviver os tempos do Pasquim, quando jornalistas, articulistas e chargistas, eram obrigados a recorrer a analogias e metáforas para dizer a verdade, sem censura, longe de ameaças. Sem fornecer provas aos covardes.

A estrumeira mais lotada, liderada pelo maior criminoso do planeta, hoje defendido pela latrina de Niemeyer de número três, onde não há botão de eject funcional, instantâneo, infelizmente, quase uma dúzia de marginais – não são todos – não querem deter a roubalheira que a propagada ditadura militar permitiu. Tem até uma matadora que presidiu o Brasil! Foi torturada, inclusive, mas não teve sequelas. A não ser cerebral, que é de nascença, supostamente.

Para quem tem o privilégio de ter vivido duas ditaduras, uma tranquila na época dos militares, e neste momento outra, na época da podridão das canetas empunhadas pelos ocupantes atuais das latrinas de Niemeyer, chega a ser divertido em alguns momentos. Em outros, mais reflexivos, como diria Paulo Francis, que a merda é maior do que a privada. Só dando descarga a vácuo, recurso mais moderno que um snipper…

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