Carolina Paiva, Edição
Há vezes em que saímos de casa atrasados e, quando nos damos conta, a roupa que escolhemos está muito amarrotada, ou pouco formal. Há ocasiões em que estamos um pouco mais cansados e acabamos por ser menos participativos em uma reunião. Em dias como esses, é comum termos receio de julgamentos equivocados por parte de nossos colegas de trabalho, ou de nossos superiores.
E quando o convívio formal do dia-a-dia profissional se confunde com a exposição da vida íntima nas redes sociais, as preocupações com as más interpretações também surgem. Certas fotos, vídeos e compartilhamentos podem afetar a reputação tanto dos profissionais que já estão inseridos no mercado de trabalho, quanto de pessoas em busca de novas oportunidades.
Exposição da intimidade – O Facebook, maior rede social de todo o mundo, completa 13 anos neste mês de fevereiro. E quando Mark Zuckerberg criou a rede social, tinha como propósito ajudar os estudantes de Harvard e das universidades dos arredores de Boston a se conhecerem melhor O fato é que, desde o seu lançamento, a rede social é um ambiente livre, que não exige formalidades. Ainda assim, recrutadores costumam pedir aos candidatos que informem a URL do Facebook durante o processo de atração, e muitos optam por deixar o campo em branco para evitar interpretações erradas sobre eles.
O fato é que, em alguns casos, o acesso do analista de RH à rede social de um candidato pode ser crucial em uma decisão, dependendo do que ele encontrar. Mensagens na linha do tempo ou fotos que remetam à contradição dos valores de uma organização podem acabar eliminando o candidato do processo seletivo. “Com certeza, se alguns posts evidenciarem agressividades, comentários preconceituosos, ou expressões muito polêmicas e esses posts estiverem públicos, pode ser que o recrutador tire suas próprias conclusões”, afirma Aline Soares, consultora de relacionamento.
Segundo a consultora, a razão de as empresas, ou setores de RH, solicitarem o Facebook dos candidatos além do LinkedIn – rede social específica para profissionais e empresas – é a de que toda ferramenta que ajude a ter referências sobre os candidatos pode ajudar na tomada de decisão.
“As organizações estão buscando nos profissionais mais do que conhecimentos e habilidades. Elas visam selecionar pessoas que demonstrem atitudes de alta performance, que as levarão a gerar os resultados esperados. Para ampliar as chances de atender a esse desafio, precisa-se avançar na melhoria dos processos de atração, inovando ao inserir no seu contexto espaço para uma pesquisa mais ampla sobre os comportamentos. E o Facebook acaba sendo utilizado para entender o estilo de vida, as preferências e os hábitos dos candidatos, especialmente nas suas relações com os amigos e na sociedade. Esse tema ainda é bem polêmico no Brasil. Nos Estados Unidos, 91% dos recrutadores afirmam visitar o perfil dos profissionais que participam dos processos seletivos”, explica.
Ainda assim, Aline afirma que os candidatos que não informam suas redes sociais aos recrutadores não correm o risco de serem eliminados do processo seletivo.
Evite a rejeição – Com 14 anos de experiência em recrutamento e seleção, Aline Soares destacou algumas dicas para que os profissionais estejam atentos em suas redes sociais:
1ª dica: não poste fotos com partes do corpo muito expostas, ou de festas em que apareçam muita bebida e cenas que comprometam;
2ª dica: utilize sempre um português correto, ainda que não a escrita formal;
3ª dica: assuntos culturais serão sempre bem interpretados, se visualizados;
4ª dica: lembre-se que amigos do Facebook poderão lhe oferecer oportunidades amanhã;
5ª dica: caso a sua liderança faça parte de seus amigos, lembre-se de que aceitá-lo foi uma escolha sua e esteja sempre consciente de suas publicações;
6ª dica: jamais fale mal da empresa em que trabalha ou trabalhou, de chefes, clientes. Aliás, rede social não é o local adequado para falar mal de ninguém.