Geraldo Ribeiro
Três dias depois de a prefeitura ter anunciado a troca da empresa responsável pela obras do chamado lote zero do BRT Transoeste, o EXTRA percorreu, nesta quarta-feira, as oitos estações do novo corredor entre o Terminal Alvorada e o Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e em apenas uma delas encontrou maquinário e operários trabalhando: a parada do Cittá América. Também não havia vigia. As pessoas que circulam pelo local dizem que isso gera insegurança. E reclamam de roubos.
— Conheço várias pessoas que já foram assaltadas perto da estação — afirma funcionário de uma loja do Village Mall, que, com medo, prefere não ser identificado.
E não é só isso.
— Isso aqui está uma verdadeira bagunça. O prefeito deve estar vendo que vai perder a eleição e abandonou tudo de vez. Não é só o BRT, mas as crateras na Avenida das Américas são um absurdo. O asfalto derreteu na primeira chuva, os canteiros estão abandonados — protesta Elaine Cardoso.
Luiz Neto faz coro em relação ao caos no bairro:
— Voltamos a morar na roça, sem sair do lugar. São buracos por toda a parte, material de obra largado de qualquer jeito, retornos fechados… Não tem como o trânsito andar.
Marcelo Ferreira ataca o prefeito Eduardo Paes.
— Ele criticou a obra do metrô, que não deve ficar pronta para as Olimpíadas. E essa do BRT, que é da conta dele, não fala nada?
O contínuo Cosme Monsores, de 49 anos, que mora em Padre Miguel, na Zoa Oeste, e trabalha na Barra, reclama que a falta de vigia torna as estações perigosas.
— Do jeito que está pode virar esconderijo de pessoas que queiram praticar assalto ou abrigo para moradores de rua — diz o trabalhador: — O BRT será muito útil para a população, mas a demora na conclusão das obras é ruim, e, sobra para o povo, que é prejudicado e é sempre quem acaba pagando a conta.
Sempre que precisa cruzar o trecho da Avenida das Américas, na altura da Rua José Leal da Silva, sentido Recreio, Olímpio dos Santos, de 62 anos, reduz a velocidade. A precaução é para preservar o veículo. Neste local, num trecho de cerca de 150 metros, existem pelo menos 30 buracos na pista. A situação não é muito diferente em outros trechos no sentido inverso, na direção do Joá, onde a sensação é de que o motorista está participando de rally. Lá, a buraqueira se soma à poeira. Ruth Daixum o comparou a um queijo suíço.
Prazos serão cumpridos
A Secretaria municipal de Obras garantiu que o cronograma das obras será cumprido. O órgão informou que elas não estão atrasadas, apesar de terem ficado paradas por cerca de dez dias e da troca da EIT Engenharia pela Globo Terraplanagem. Procurada, a EIT não se manifestou.
Ainda segundo a secretaria, a obra está 90% concluída, e, no momento, a estação Cittá América recebe os principais serviços, “já que as demais estão concluídas e receberão apenas ajustes finais para a inauguração”.
Com relação à queixa de insegurança, informou que, com a retomada da obra, foi readequada a vigilância patrimonial, contratada para zelar pela área de intervenção, cujos agentes não possuem poder de polícia.
Já a Secretaria municipal de Conservação e Serviços Públicos informou que iniciou os reparos no recapeamento da Avenida das Américas.
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