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As decepções

Estamos presos por toda a eternidade em um mundo de revoltas

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Autor/Imagem:
Tania Miranda - Foto Produção Fernando Filipino

Nos magoamos facilmente. Basta algo não sair como esperado e o sentimento de revolta nasce em nosso peito. Pode haver milhões de motivos para que tal ocorra. Mas mesmo assim, não é fácil sufocar a decepção ante certos resultados…

Muitas vezes sabemos que vamos nos decepcionar. E ainda assim não nos preparamos para a sensação de traição, de abandono, que tomará conta de nosso ser. Pode ser qualquer coisa… qualquer coisa, mesmo. Se não está dentro dos parâmetros aceitáveis por nossa consciência…

Temos nossa quota de tolerância. E se alguém abusa de nossa paciência iremos, no mínimo, colocar essa pessoa para escanteio. Vamos dar-lhe o tratamento de gelo… ignorá-la por completo. Se bem que, dependendo da índole da pessoa, isso pode não ser o bastante…

Conceitos e preconceitos estão arraigados em nossa alma desde a mais tenra idade. Isso porque desde que nascemos somos bombardeados com mil informações. Como as processamos é que é o problema. Isso porque, apesar de a fonte ser a mesma para todos, somos unos e a visão de cada um influencia a forma que guardamos aquilo que percebemos ao nosso redor…

Posso dizer que entendo meu semelhante… faz parte de nosso papel social. Mesmo não aceitando as ações dos que estão à minha volta, o verniz da civilidade me obriga a sorrir, fingindo que tudo está bem. Noventa por cento da população faz isso…

Várias travas nos são impostas para que cumpramos nosso papel social. Normas são impostas de cima para baixo, de forma que as pessoas da base ficam engessadas, sem ter outra maneira de agir senão aquelas que lhe foram passadas…

Rotas de fuga existem… mas não levam a lugar algum. Minto. Levam a calabouços escuros e frios, onde a alma dos que tentam se rebelar contra o Sistema é condenada a passar a Eternidade prisioneira. E o que é pior… o carcereiro que a impede de fugir… é ela mesma…

Sim, uma das chaves de controle que nos é imposta é justamente o auto julgamento, onde atuamos como réu, promotor, advogado de defesa, júri e juiz… algumas vezes, até como carrasco… e o juiz mais severo que enfrentamos é a nossa própria consciência…

Não é necessário ser culpado de algum ato vergonhoso… muitas vezes esse ato nem existe. Mas se você acredita piamente que está errado, com certeza se julgará culpado por suas ações e imporá a pena mais dura que conhecer… para expiar seus pecados e preparar-se para o Julgamento do Além…

Romper essas cadeias não é fácil. Tendemos a nos culpar por tudo aquilo que consideramos errado… aliás, sabia que o simples ato de viver, procurar a felicidade, é errado? Ou ao menos deve ser, visto que as pessoas à nossa volta se revoltam quando deixamos tudo de lado para sermos nós mesmas e tentar ser felizes…

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