José Escarlate
A demissão do poetinha Vinícius de Moraes, da diplomacia e dos quadros do Itamaraty, segundo o presidente João Figueiredo, não esbarrou no sucesso do compositor e poeta consagrado.
A história de Vinícius é curiosa. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Catete, alí foi incentivado a escrever. Fez duas vezes concurso para o Itamaraty, até passar Foi mandado para o Uruguai, como cônsul. Depois, Paris e Roma, onde se reunia na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
Sua carreira foi interrompida pelo AI-5. Recebeu aposentadoria compulsória quando estava em Los Angeles como vice-cônsul. Uma noite, naquele papo relaxante na casa do George Gazalle, em São Paulo, , o presidente João Figueiredo negou que ele tenha sido cassado por motivos políticos ou corrupção.
“No caso dele – disse -, foi vagabundagem mesmo. Eu era o chefe do SNI e sempre recebíamos notícias de que ele, servindo no consulado brasileiro de Montevidéu e ganhando 6 mil dólares por mês, não aparecia por lá havia três meses”. O Serviço checou o informe, confirmando a acusação. “Ele não saía dos botequins do Rio – acentua Figueiredo – tocando violão, sempre com um copo de uísque na mão. Foi a conta”.