Anelisa Lopes
Espacialidade e cotas são duas palavras pouco usuais no dia a dia da maioria das pessoas, mas que fazem parte da rotina do designer de interiores, arquiteto e engenheiro. A primeira situa seu corpo em relação ao meio ambiente, dando a noção de ocupação do espaço com pessoas e objetos. A segunda diz respeito às medidas do local.
Juntas, elas são o primeiro passo para a concepção de um projeto bem resolvido, seja ele simples ou extraordinariamente elaborado. Ter noção dos limites do espaço em que nos encontramos é fundamental para não cometer erros na hora de projetar um armário, comprar um sofá ou instalar um espelho, por exemplo. E isso não diz respeito apenas à área onde o projeto será executado: pode ser em uma quitinete de menos de 30 metros quadrados, passando por um loft com pé direito de 3,5 metros ou chegando a uma mansão com mais de dez cômodos.
Observar e analisar o ambiente é mais que necessário para que, futuramente, os moradores da casa/apartamento ou funcionários do escritório consigam transitar com conforto, ergonomia e funcionalidade. Traduzindo para o lado prático de quem está montando sua primeira morada: nunca compre móveis, objetos de decoração ou faça paisagismo sem medir o ambiente ao qual será destinado ou, principalmente, mande projetá-los somente porque viu em uma revista e achou bonito.
Frequentemente, arquitetos e designers escutam lamentações de clientes do tipo “comprei esta poltrona e agora a passagem ficou apertada” ou “ganhei este rack, mas parece que está perdido na parede”. Na maior parte dos casos, itens que foram adquiridos sem planejamento se tornam um mau investimento, já que, se não puderem ser reaproveitados no mesmo projeto, serão despachados ou vendidos por valor inferior. Vale lembrar que os locais por onde o móvel passará (elevador, escada e porta de entrada) também devem ser medidos para evitar uma desmontagem que estrague a peça ou a contratação de um serviço de içamento surpresa, que às vezes requer até liberação da prefeitura para ser realizado.
Profissionais da área, como designers, arquitetos ou engenheiros, utilizam softwares que possibilitam realizar uma infinidade de arranjos de móveis em um ambiente. Se errarem, basta deletar, escolher outra opção e começar tudo de novo. Se a sua ideia é iniciar a montagem da sua residência por conta, em primeiro lugar, compre uma boa trena. Peça a planta original do imóvel. Meça e, se possível, faz um rascunho de desenho. Tire uma foto. Leve este material à loja e meça o móvel que deseja comprar (mesmo que em sua descrição já tenham as medidas de comprimento, altura e largura é sempre é bom confirmá-las no ato da compra). Mostre ao vendedor e fale da ideia da sua disposição do ambiente escolhido e qual será a função. Dessa forma, a chance de se arrepender da compra por ela não se adequar ao local é bem menor.