Margarete andava estressada. Além do trabalho no escritório, precisava cuidar dos afazeres domésticos. Mal abriu a porta do apartamento, Paulo e Amanda, os filhos de 13 e 10 anos, reclamaram que não aguentavam mais comida requentada. Jorge, o marido, fingiu prestar atenção ao noticiário na televisão, talvez para evitar entrar no possível imbróglio.
— Chega!
O homem e as crianças, olhos arregalados, miraram Margarete. O que teria acontecido com a esposa? Mamãe estava bem? Jorge tentou fazer cálculos de cabeça e, apesar da matemática ruim, descartou a possibilidade da mulher estar em período crítico.
Jorge desligou a televisão e foi até a companheira. Margarete, nos braços do marido, desabou em choro compulsivo. As crianças se entreolharam e, em seguida, Amanda indicou com leve movimento de cabeça que precisavam confortar a mãe.
No centro da sala, Margarete se viu abraçada pela família, até que se recompôs. Enxugou as lágrimas com as mãos e forçou um sorriso que já não possuía.
— Vamos pedir pizza.
— Oba! – disse o filho.
— Não, Paulo. Vamos comer a comida que a mamãe fez.
Margarete olhou para filha e sorriu o primeiro sorriso sincero do dia.
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