Licenças médicas
Estresse e pressão estão deixando PM’s literalmente doidos

Entre janeiro e março de 2025, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) registrou 6.180 afastamentos de policiais por questões relacionadas à saúde mental — uma média de 68 atestados por dia. As informações são do G1.
Para atender a essa demanda, o Centro de Assistência Psicológica e Social da corporação conta atualmente com apenas 10 profissionais especializados.
Em nota, a PMDF informou que tem adotado diversas medidas para melhorar o atendimento psicológico e psiquiátrico aos policiais e seus familiares. De acordo com a corporação, 8 mil novas clínicas especializadas foram credenciadas no ano passado. Além disso, está prevista para o dia 10 de abril a formatura da mais recente turma de oficiais de saúde, com 39 novos policiais formados na área.
A psicóloga Juliana Martins, coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explica que a rotina de policiais militares envolve uma carga emocional intensa, com impactos variados entre os profissionais. Situações como ansiedade, depressão, alcoolismo e dependência química são comuns nesse contexto.
“A sobrecarga de trabalho, a privação de sono e o enfrentamento constante com situações de vida ou morte são fatores que afetam profundamente a saúde mental desses profissionais”, aponta Juliana. “Esses quadros muitas vezes se manifestam de forma física, como hipertensão ou insônia, antes mesmo de o policial perceber que precisa de ajuda.”
Segundo a psicóloga, ainda há muito tabu em torno da saúde mental, especialmente em ambientes como o das forças de segurança. “A cultura da corporação reforça valores como força, honra e resistência, dificultando o reconhecimento de fragilidades”, diz.
Juliana Martins ressalta que é essencial reconhecer o caráter adoecedor da profissão e buscar formas de humanizá-la. “O policial sai de casa sem saber se vai voltar. Ele convive com a violência, com a morte — e, em algumas situações, é ele o agente dessa morte. Soma-se a isso a falta de tempo para o lazer, para a família e para o descanso. É preciso investir em ações preventivas.”
